Campos Neto: Era difícil definir política monetária sem meta confirmada
De acordo com o presidente do Banco Central, a definição da meta fiscal de déficit zero pelo governo levou a uma queda das expectativas de inflação
A confirmação pelo governo da meta fiscal com déficit primário zero ao fim de 2024 foi importante para planejar a trajetória da política monetária, disse nesta terça-feira, 6, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em evento do BTG Pactual, Campos Neto afirmou que era difícil planejar a política monetária sem a confirmação da meta, e que ela levou a uma queda das expectativas de inflação.
O governo definiu que deve perseguir um resultado de déficit zero neste ano, conforme o aprovado no arcabouço fiscal. Ao final do ano passado, houve um questionamento partindo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a sustentabilidade da meta, e uma pressão vinda de dentro do governo para alterá-la. No entanto, o Ministério da Fazenda manteve a meta em déficit zero.
Na ata do Copom, divulgada também nesta terça-feira, o colegiado ressaltou a importância da meta fiscal para a política monetária. Na semana passada, o Copom reduziu a taxa Selic de 11,75% para 11,25% ao ano, e sinalizou novos cortes para o futuro.
Inflação de serviços
De acordo com o presidente do BC, o comportamento tem sido mais ou menos de acordo com o esperado pelo BC, citando a convergência da taxa em direção à meta. Campos Neto alertou que é difícil pensar em convergência para metas de inflação sem a queda dos preços de serviços.
A recente alta marginal no núcleo de serviços, segundo ele, foi concentrada em passagens aéreas e emplacamento de carros novos. “Mas está dentro do que a gente tinha programado em termos de trajetória”, ponderou.
Segundo o presidente do BC, o aquecimento do mercado de trabalho está sendo observado pela autoridade monetária. Campos Neto disse ainda que a equipe identificou um repique de preços em áreas onde o trabalho é mais intensivo.