SÃO PAULO, 31 Mai (Reuters) – O cenário externo continuava pesando sobre o mercado de câmbio brasileiro e o dólar avançava ante o real nesta quinta-feira, após cair durante os primeiros negócios da sessão. Operadores também destacavam que a expectativa em relação ao fechamento do dólar Ptax deste mês mais tarde influenciava o movimento.
Às 11h33 (horário de Brasília), a moeda norte-americanaavançava 0,50 real, para 2,0255 reais, depois de cair a 2,0031 reais na mínima da sessão.
“Como os dados dos Estados Unidos vieram ruins, isso ajudou a puxar o dólar para cima, mas há também as commodities que estão em baixa … e isso também puxa uma alta na cotação”, disse o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares.
O crescimento econômico dos Estados Unidos foi um pouco mais lento do que inicialmente previsto no primeiro trimestre, mostrando uma taxa anual de 1,9 por cento ante leitura anterior no mês passado de 2,2 por cento. A economia do país cresceu 3 por cento no quarto trimestre.
Os novos pedidos de auxílio-desemprego também abalaram o sentimento do investidor, uma vez que os pedidos subiram em 10 mil na semana passada, para 383 mil, segundo dados ajustados sazonalmente. Economistas consultados pela Reuters previam que o número ficasse inalterado no período.
A queda nos preços das commodities ajudava a puxar a alta do dólar no mercado de câmbio brasileiro, depois que a Índia reportou forte desaceleração do seu crescimento no primeiro trimestre do ano. O índice CRB, que reúne 19 commodities e serve como referência global para este tipo de ativo, tinha perdas de 0,31 por cento.
No cenário doméstico, o fechamento do dólar Ptax do mês de maio, que será por volta das 13h desta quinta-feira, também influenciava na valorização do dólar, de acordo com operadores.
O dólar Ptax serve como referência para operações financeiras como liquidação de contratos de importações e exportações e atualizações de carteiras de fundos, e investidores tendem a buscar uma taxa no final do mês que favoreça seus negócios de acordo com a sua posição.
“É uma briga entre quem está comprado e quem está vendido (em dólar). E desta vez o comprado está com mais força até o momento”, explicou Soares.
Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o dólar passou a subir refletindo os dados nos Estados Unidos, mas ele acredita que os investidores estão usando o movimento para observar o comportamento do Banco Central no mercado de câmbio.
“Uma das coisas que começamos a notar é que o mercado chama o BC para alguma atuação”, disse Galhardo, lembrando das sessões em que a autoridade monetária realizou leilões de swap tradicional -operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro- para frear valorizações acentuadas na moeda norte-americana diante de especulação.
O BC não intervém no mercado há três sessões consecutivas, com o dólar mantendo-se próximo do patamar de 2 reais.(Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Camila Moreira)