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Brasil registra redução recorde na população ocupada em junho

Segundo o IBGE, 8,9 milhões de pessoas deixaram de ter um emprego, sendo a maioria postos informais; taxa de desocupação chegou a 13,3% no período

Por Larissa Quintino Atualizado em 23 mar 2021, 09h45 - Publicado em 6 ago 2020, 09h20

Uma das faces mais perversas da pandemia causada pelo novo coronavírus é a perda de postos de trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre encerrado em junho, caiu para 47,9% o nível da ocupação, menor número da série histórica, iniciada em 2012. No período, 8,9 milhões de brasileiros deixaram de ter um trabalho. Ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar está efetivamente trabalhando. Com isso, a taxa de desocupação subiu para 13,3%, uma alta de 1,1 ponto percentual frente ao trimestre encerrado em março. Já o número de desocupados apresentou estabilidade e foi estimado em 12,8 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira, 6. 

Por causa da metodologia usada pelo IBGE, nem todas as pessoas que perderam o emprego entram nos índices de desemprego. Por isso, o número de desocupados ficou estável entre um trimestre e outro e é importante olhar para a diminuição da população ocupada é importante para entender os reflexos da crise do novo coronavírus no mercado de trabalho.

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A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explica que mesmo com o cenário de estabilidade entre a população desocupada, a taxa de desemprego subiu por causa da redução da força de trabalho, que soma as pessoas ocupadas e desocupadas. “Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Então como a força de trabalho sofreu uma queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”, explica.

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Nesse segundo trimestre, 5,2 milhões de pessoas entraram na força de trabalho potencial, que soma as pessoas em idade de trabalhar que não estavam nem ocupadas (trabalhando) nem desocupadas (procurando emprego), mas que possuíam potencial para estarem na força de trabalho. Agora esse grupo soma 13,5 milhões de pessoas. Entre eles estão os desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Eles foram estimados em 5,7 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho. É o maior número desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao último trimestre, houve um acréscimo de 19,1%, o que representa 913 mil pessoas a mais nessa situação. “É um crescimento recorde tanto na comparação trimestral quanto na anual. Há um aumento da força potencial de pessoas que apesar de não estarem procurando trabalho, elas até gostariam e quando a gente observa internamente as razões por essa não procura por trabalho, um grande contingente alega motivos ligados à pandemia”, afirma Beringuy.

Há um grande impacto do trabalho informal nos dados. A categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada foi estimada em 8,6 milhões de pessoas, uma queda de 2,4 milhões em relação ao último trimestre. Já contingente de trabalhadores por conta própria teve uma queda de 10,3% e agora chega a 21,7 milhões de pessoas. São menos 2,5 milhões de pessoas nessa categoria. “Da queda de 8,9 milhões da população ocupada, 6 milhões eram de ocupados informais, ou seja, a queda na informalidade ainda responde por 68% da queda da ocupação”, explica a analista da pesquisa.

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Já a categoria de trabalhadores do setor privado com carteira assinada perdeu 2,9 milhões de pessoas (-8,9%). Agora o grupo soma 30,2 milhões de pessoas empregadas. “Isso faz com que a gente chegue ao menor contingente de trabalhador com carteira assinada na série histórica e mostra que essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado”, analisa.

Entre os setores, todos os grupamentos de atividade analisados pela pesquisa sofreram queda em relação ao número de ocupados. O comércio foi o setor mais atingido: 2,1 milhões de pessoas perderam suas vagas no mercado de trabalho, uma redução de 12,3% em relação ao período encerrado em março. á o contingente de ocupados na construção teve uma redução de 16,6%, o que representa menos 1,1 milhão de pessoas trabalhando no setor. Outra perda considerável foi na categoria de serviços domésticos, em que os ocupados foram reduzidos em 21,1% frente ao trimestre encerrado em março. São 1,3 milhão de pessoas a menos nesse grupamento de atividades. O contingente de pessoas ocupadas na categoria Alojamento e alimentação também teve redução de 1,3 milhão de pessoas (-25,2%).

Atraso na divulgação

A pesquisa com os dados do desemprego do 2º trimestre originalmente seria divulgada no dia 29, mas o IBGE atrasou a divulgação devido a dificuldades trazidas com a pandemia.  Segundo o IBGE, a metodologia da pesquisa prevê uma renovação do grupo de entrevistados a cada coleta. Ou seja, a cada mês, é introduzido na amostra um número de domicílios que nunca foram visitados anteriormente. Como, por causa da pandemia, a pesquisa é feita de forma remota, o instituto encontrou dificuldades no contato telefônico para essa nova amostragem.

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  • Leia também: Golpe da vaga de emprego falsa na internet rouba dados de candidatos.
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