Brasil cai no ranking de emergentes com varejo mais atraente
Entre 2011 e 2013, país estava na primeira posição; neste ano, no entanto, ficou em oitavo lugar, atrás de nações como Qatar, Mongólia e Geórgia
O desânimo da economia brasileira levou, pelo segundo ano consecutivo, o país a perder posições no ranking dos trinta mercados em desenvolvimento com maior potencial para atrair investimentos estrangeiros para o varejo.
No ranking, elaborado pela consultoria americana A.T. Kearney, o Brasil ficou em 2015 no 8º lugar entre os mercados mais atraentes, três posições abaixo da lista de 2014. A perda de atratividade do varejo brasileiro em relação a outros emergentes ocorre depois de o país ter liderado entre 2011 e 2013, esse ranking, que agora tem a China no topo. O Brasil que já foi o “queridinho” entre os mercados de consumo emergentes está hoje atrás de países como o Qatar, Mongólia e Geórgia.
“Lamentavelmente o Brasil perdeu atratividade entre os emergentes, mas esse resultado não foi uma surpresa”, afirma Esteban Bowles, sócio da Prática de Bens de Consumo e Varejo da consultoria. Ele atribui o fraco desempenho do país a fatores conjunturais que afetaram o ritmo da economia. Na sexta-feira, o IBGE divulgou que o PIB do primeiro trimestre caiu 0,2% em relação ao trimestre anterior, impactado principalmente pela retração no consumo das famílias, que encolheu 1,5% nas mesmas bases de comparação.
Para elaborar o ranking, a consultoria avaliou 25 variáveis de cada país, reunidas em quatro grupos: atratividade do mercado, risco econômico e político, saturação do mercado e em quanto tempo novos players estarão presentes na região. O consultor diz que o Brasil teve desempenho ruim nos dois primeiros grupos de variáveis analisadas, mas conseguiu obter um resultado favorável em relação à saturação dos mercados e à baixa presença de players internacionais na região.
“O tamanho do mercado brasileiro continua sendo um fator importante de atração de investidores”, diz Bowles. Nas contas da consultoria, o varejo brasileiro movimentou no ano passasdo 800 bilhões de dólares, uma cifra significativa, apesar do esfriamento da economia. O consultor ressalta que setores de beleza, alimentação e material de construção continuam chamando a atenção de investidores.
Enquanto as turbulências no cenário macroeconômico fizeram o país perder posições no ranking, a valorização do dólar ante o real funcionou como um chamariz para os investidores internacionais interessados em comprar ativos mais baratos em moeda estrangeira. São estes que estão de olho no potencial de consumo do mercado a médio prazo. Bowles afirma que, nos últimos meses, tem recebido consultas de interessados em empresas do segmento de bens duráveis e alimentos.
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(Com Estadão Conteúdo)