Bolsa brasileira bate recorde histórico e fecha a 125.561 pontos
Além de contar com risco fiscal um pouco melhor, a bolsa surfou na valorização das commodities no cenário internacional e no aumento de estímulos nos EUA

O Ibovespa rompeu a barreira dos 125 mil pontos e encerrou em recorde histórico nesta sexta-feira, 28, a 125.561,37 pontos, alta de 0,96% em relação ao fechamento anterior. O último recorde do Ibovespa havia sido no dia 8 de janeiro, de 125.076,60, impulsionado pelo anúncio das vacinas nos EUA. Nesta sexta, a bolsa brasileira foi beneficiada pelo otimismo das bolsas internacionais e a alta dos papeis da Petrobras. As ações ordinárias da petroleira brasileira fecharam em alta de 5,78%, a 26,71 reais, após o J.P. Morgan elevar a recomendação dos papeis e fixar o preço-alvo em 35,50 reais.
Nos Estados Unidos, a apresentação de um novo pacote de estímulos de 6 trilhões de dólares pelo presidente Joe Biden e dados sobre a inflação do país trouxeram motivos de sobra para o apetite ao risco. O mercado estava preocupado que uma inflação exagerada na retomada econômica americana poderia pressionar excessivamente os juros dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA e atrair o capital alocado nas bolsas. Porém, os PCEs mais recentes mostraram que a alta de preços está dentro do esperado e os juros dos chamados Bonds terminaram o pregão em queda de 1,82% — o que beneficia o mercado de renda variável.
“Os rendimentos do Tesouro estão presos em terra de ninguém, já que Wall Street agora concorda com o Fed que a inflação será transitória. Os componentes subjacentes da inflação parecem temporários e isso faz com que os mercados financeiros pareçam complacentes”, diz Ed Moya, analista senior de mercado da Oanda. A alta das commodities no cenário internacional, como petróleo e minério de ferro, também puxou o desempenho do Ibovespa na semana e no mês, uma vez que elas compõem uma parcela importante do índice. Os papeis ordinários da Vale encerraram em alta diária de 0,75% e semanal de 2,21%, a 111,82 reais.
Sinalizações no Congresso, embora ainda um pouco tímidas, sobre novas reformas estruturantes também animaram os investidores brasileiros. O pior momento do temor sobre o aumento do risco fiscal do país ficou para trás após a aprovação do Orçamento e dados divulgados na quarta-feira, 26, pelo Tesouro Nacional, mostraram que a dívida pública do país caiu 2,92% em abril, para 5,089 trilhões de reais. Já os juros DI para fevereiro de 2023 caíram 2,07% na semana.
Outro dado que estimulou os investidores foi o IBC-Br, que mostrou uma atividade econômica aquecida em abril. “Na semana como um todo houve uma discussão de ajuste de PIB. O IBC-Br do primeiro trimestre veio muito acima do esperado e fez com que o mercado revisasse o PIB de 2021 de 3,80% para cerca de 4,50% ou 5,50%”, diz Thomás Gibertoni, economista da Portofino Investimentos. “Ao longo da semana também vimos empresas de varejo, shopping e turismo crescendo bastante”, diz ele.
O índice Small Caps subiu 3,29% na semana enquanto o Ibovespa subiu 2,33%. O Small Caps inclui empresas de volume médio de negociações, como a Azul, que estava com o preço das ações mais deprimido pelos fechamentos da economia causados pela Covid-19. Com a recente reabertura do mercado, os papeis foram fortemente beneficiados. O dólar comercial, um dos principais balizadores do risco do Brasil, encerrou em queda de 0,82%, a 5,2123 reais, como previu especialistas ouvidos por VEJA em reportagem publicada nesta sexta-feira, 28. Apesar da euforia, vale lembrar que, em dólar, a variação do Ibovespa no ano é de apenas 1,67%, muito aquém das principais bolsas internacionais.
A próxima semana começará menos agitada nos Estados Unidos com uma segunda-feira de feriado nacional e bolsas fechadas por lá. Na terça-feira, será divulgado o PIB brasileiro — que já foi revisado positivamente pelo mercado — e na sexta-feira sairá o Payroll, que mostra os empregos criados nos Estados Unidos em maio e são muito aguardados pelo mercado por indicarem a direção da política monetária americana.