Por Eva Kuehnen
FRANKFURT, 4 Abr (Reuters) – O Banco Central Europeu (BCE) manteve inalterada a taxa de juros em uma mínima recorde de 1 por cento nesta quarta-feira, resistindo à pressão alemã para estabelecer uma saída do seu modo de combate à crise, enquanto as medidas de apoio surtem pleno efeito e sustentam uma recuperação cada vez mais frágil.
Uma série de fracos indicadores econômicos e renovadas preocupações sobre as finanças públicas da Espanha -quarta maior economia da zona do euro- alimentaram preocupações de que a zona do euro esteja em recessão e de que possa se reacender a crise da dívida soberana.
“Os riscos de desaceleração prevalecem no cenário econômico”, disse o presidente do BCE, Mario Draghi, após o banco central manter as taxas de juros, como esperado.
O Bundesbank (banco central alemão) tem liderado uma pressão dos presidentes de bancos centrais para que o BCE comece a preparar uma saída das medidas anticrise que levaram o banco a afrouxar as regras em relação às sua operações de financiamento.
O BCE injetou mais de 1 trilhão de euros no sistema financeiro com duas operações de financiamento de três anos, ou LTROs, para lidar com o aperto de crédito que no final do ano passado chegou perto de exacerbar a crise da zona do euro e prejudicar o projeto da moeda única.
Questionado sobre a pressão para preparar a estratégia de retirada, Draghi disse que o assunto é prematuro. “Acho que o presidente do BCE é o que tem a última palavra sobre isso”, acrescentou.
Entretanto, em seu discurso de abertura da reunião de política monetária, Draghi buscou dissipar as preocupações alemãs de que o muro de dinheiro liberado com as duas LTROs possa provocar pressões inflacionárias.
“Todas as nossas medidas de política que não são padrão são temporárias por natureza”, disse ele. “Todas as ferramentas necessárias estão disponíveis para lidar com os riscos de alta à estabilidade dos preços no médio prazo de maneira firme e em momento apropriado.”
A inflação da zona do euro caiu para 2,6 por cento em março -acima da meta do BCE de menos de 2 por cento e acima do esperado- mas as renovadas preocupações com a Espanha significam que o BCE não pode se dar ao luxo de sinalizar uma alta da taxa de juros ou uma retirada das medidas de financiamento.
“Não acho que esteja elevando meu discurso em relação à inflação”, disse Draghi.
O BCE acredita que já fez o máximo que pode para combater a crise, e Draghi colocou o ônus sobre os governos. Ele minimizou as preocupações de que as operações de financiamento do BCE tornaram os bancos dependentes demais de seus empréstimos. “Não vemos nenhum sinal de que os bancos estão viciados no BCE”, afirmou.