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BC vê inflação persistente e acima da meta também em 2022

Em ata do Copom, autoridade monetária afirma que piora no cenário fiscal eleva o risco de desancoragem da inflação também nos próximos anos

Por Larissa Quintino Atualizado em 3 nov 2021, 09h35 - Publicado em 3 nov 2021, 09h06

O controle inflacionário é uma das principais missões do Banco Central, que tem como ferramenta de política monetária a taxa básica de juros da economia, a Selic. Há seis reuniões consecutivas, o Conselho de Política Monetária (Copom), vem aumentando a taxa básica de juros e, a cada ata, com a deterioração da política econômica do país, os juros sobem, e o cenário fica mais pessimista. Na reunião da última quarta-feira, o BC aumentou a Selic em 1,5% ponto percentual, chegando a 7,75% ao ano e com expectativa de mais aumento. Na ata, divulgada nesta quarta-feira, 3, o BC afirma que a inflação disseminada junto com o aumento de riscos fiscais são os motivos para a política mais contracionista.

Segundo avaliação do Banco Central, além da meta que já foi perdida em 2021, há riscos de desancorarem para 2022 também devido a piora do cenário fiscal. A autoridade monetária projeta a inflação para o próximo ano em 4,1%, acima dos 3,5% do centro da meta.

O governo tenta viabilizar o Auxílio Brasil, pagando 400 reais para 17 milhões de famílias no próximo ano, mexendo no teto de gastos. “Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implicam maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”. Com a piora da situação, a ata revela que o Copom cogitou elevação maior nos juros nesta reunião, como mostra o Radar Econômico.

Na avaliação do BC, a inflação que tinha caráter temporário — pelo menos até a ata do Copom de junho — agora se mostra persistente e disseminada. “A inflação ao consumidor segue elevada e tem se mostrado mais persistente que o antecipado. A alta dos preços está mais disseminada e abrange também componentes mais associados à inflação subjacente. A alta nos preços dos bens industriais ainda não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou, refletindo a gradual normalização da atividade no setor, dinâmica que já era esperada. Além desses desenvolvimentos, desde a última reunião houve alta substancial dos preços internacionais de commodities energéticas, cujo impacto inflacionário é amplificado pela depreciação do real, sendo essa combinação o fator preponderante para a elevação das projeções de inflação do Comitê tanto para 2021 quanto para 2022”, afirma o comitê, em ata.

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Retomada econômica

No comunicado, o Banco Central afirma que a atividade econômica brasileira deve continuar em expansão depois da queda do ano passado, provocada pela pandemia, mas os choques causados pela inflação, a piora fiscal e a crise de suprimentos que afeta indústrias em todo mundo, deixarão esse crescimento mais lento. “O Comitê manteve a expectativa de uma retomada da atividade no segundo semestre, ainda que menos intensa e mais concentrada no setor de serviços. Essa reavaliação reflete o impacto das limitações na oferta de insumos em determinadas cadeias produtivas, que devem perdurar até o próximo ano”.

Para o próximo ano, o comitê avalia que há desestímulo ao crescimento com o aperto das condições financeiras e a deterioração fiscal. Porém, a continuação da recuperação do mercado de trabalho e do setor de serviços; o desempenho de setores menos ligados ao ciclo de negócios, como agropecuária e indústria extrativa; e os resquícios do processo de normalização conforme a crise sanitária arrefece podem trazer crescimento.

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