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BC derruba dólar em 2,84% no mês e confunde mercados

Para analistas, falta clareza sobre flutuação cambial afugenta ainda mais os investimentos estrangeiros do país

Por Ligia Tuon
31 jan 2013, 19h27

O dólar comercial fechou o mês de janeiro a 1,9883 reais, a menor cotação desde o final de abril do ano passado. No acumulado do mês, a moeda americana recuou 2,84%, depois de ter subido 8,94% em 2012. A repentina queda decorrente dos leilões de dólar feitos pelo Banco Central nos últimos dias surpreendeu o mercado. Muitos especialistas acreditam que o governo decidiu fazer uso do câmbio para tentar forçar a desaceleração da inflação, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter deixado claro que não utiliza a taxa de câmbio como instrumento de política monetária.

A moeda americana tornou-se o centro das atenções dos economistas neste final de mês. Na segunda-feira, o Banco Central (BC) vendeu 37 mil contratos de swap cambial tradicional, em um total de 1,847 bilhão de dólares, o que fez o dólar ter uma queda de 1,51% e atingir a menor cotação desde o início de julho de 2012, quando estava em 2,001 reais. O leilão contribuiu para que o mercado mudasse a projeção para o piso de negociação da moeda para 2,05 – em vez dos 2,10 reais informalmente estabelecidos pelo BC como teto da cotação da moeda. Ao longo da semana, no entanto, a banda informal para negociação do dólar caiu ainda mais, para um novo piso em torno de 1,95 real.

Mesmo com novas projeções fixadas em relação ao dólar, o mercado permanece confuso sobre a recente intenção do governo em desvalorizar o real. Um dia depois de insistir que o câmbio deve beneficiar a indústria, ou seja, permanecer valorizado para estimular as exportações, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem retirado diversas “travas” ao investimento estrangeiro no país – mais especificamente à entrada de dólares por meio do mercado financeiro. Na manhã desta quinta-feira, a Fazenda zerou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiros em operações de aquisição de cotas de Fundos de Investimento Imobiliário (FII). Tal medida terá impacto direto no câmbio, já que o IOF era cobrado justamente na conversão cambial no momento da compra.

A falta de clareza sobre as reais intenções do governo em relação ao câmbio vêm criando um mar de especulações no Brasil e no exterior. O jornal britânico Financial Times, que tem feito duras críticas à política monetária do Banco Central, publicou um artigo intitulado ‘Confuso sobre a guerra cambial do Brasil? Nós também estamos’, na edição de quarta-feira. O jornal critica o fato de haver desejos distintos no BC e na Fazenda sobre o rumo das cotações de câmbio – e chega até a sugerir que o governo “não tem ideia do que está fazendo”.

Não só a mensagem de incerteza sobre a política cambial brasileira tem preocupado o mercado nos últimos tempos. Segundo analistas, o intervencionismo – marca registrada da gestão da presidente Dilma Rousseff – direcionado para o câmbio transmite um sentimento ruim para investidores. “Em vez de depender de fundamentos mercadológicos, como fluxo cambial e preço de commodities, o câmbio parece depender de uma decisão quase unilateral do governo”, diz Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria. Ele afirma que o câmbio é, oficialmente, flutuante, mas o governo tem tentado manipulá-lo em benefício da indústria nacional. Cenários como este podem, na avaliação do analista, afugentar ainda mais o investimento estrangeiro. “Em vez de analisar o mercado, investidores têm de prever o que está passando na cabeça dos líderes do governo para entender o futuro do câmbio”, afirma.

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