Banco Central Europeu corta juros e prevê estímulo pelo ‘tempo necessário’
Instituição reduziu de -0,4% para -0,5% a taxa de depósitos do bloco, medida aguardada pelo mercado e que deve estimular a economia na zona do euro
O Banco Central Europeu (BCE) cortou os juros do bloco nesta quinta-feira, 12, o que não ocorria desde 2016, e anunciou a retomada de compras mensais de ativos, num esforço para estimular a economia da região. A medida, aguardada pelo mercado, foi bem recebida pelos investidores. A diretoria do BCE “espera que (as compras de títulos) durem o tempo necessário para reforçar o impacto acomodatício de sua política monetária e terminem pouco antes de começar a aumentar as principais taxas de juros” da instituição, afirmou o banco, em comunicado.
A instituição reduziu a taxa de depósitos de -0,4% para -0,5%, que remunera o dinheiro depositado pelos bancos na instituição — quando está negativa ocorre o contrário. O BCE, ao todo, tem três taxas que definem sua política monetária. A de refinanciamento, considerada a principal taxa de juros do bloco, e a taxa da linha de crédito permaneceram inalteradas em 0% e 0,25%, respectivamente. Pela medida anunciada, o BCE reiniciará as compras de títulos a um ritmo de 20 bilhões de euros por mês a partir de novembro, como forma de impedir uma queda preocupante nas expectativas de inflação.
As medidas animaram os mercados financeiros. Às 14h50, o Ibovespa subia 1%, aos 104.483 pontos, e o dólar comercial aperava na estabilidade, cotado aos 4,06 reais para a venda.
Pelo Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou o corte de juros do BCE para criticar o Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos). “Banco Central europeu agindo rápido, cortou juros em 0,1 ponto porcentual. Eles estão tentando, e conseguindo, desvalorizar o euro contra o dólar, atingindo as exportações dos Estados Unidos… e o Fed se mantém parado. Eles (BCE) são pagos para emprestar dinheiro, enquanto nós pagamos”, disse ele.
O Fed cortou juros em 0,25 ponto porcentual, em julho, na primeira redução em quase dez anos. Mesmo assim, Trump considera que a taxa está muito alta e prega um estímulo monetário maior do banco central americano à economia do país, em meio a sinais de desaceleração global e disputa comercial com a China. A taxa de juros dos Estados Unidos, assim como a do Brasil, será rediscutida e possivelmente revista na quarta-feira, 18.
BCE diminui expectativa de PIB e inflação
Além das medidas anunciadas, o BCE reduziu projeções de crescimento econômico e de inflação da zona do euro. O presidente da instituição, Mario Draghi, disse que o banco, agora, prevê taxa anual de inflação ao consumidor para 2019, de 1,2% — antes era 1,3%. Também houve diminuição para 2020, de 1,4% para 1%; e de 2021, de 1,6% para 1,5%. Além disso, a instituição também reduziu a projeção para o PIB do bloco para 1,1% em 2019 e 1,2% em 2020. Anteriormente, as projeções eram de avanços de 1,2% e 1,4%, respectivamente. Para 2021, por outro lado, o BCE prevê crescimento um pouco mais robusto, de 1,4%, ante 1,3% na projeção mais recente.
(Com Estadão Conteúdo e AFP)