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Aumento do IOF e receio de mais medidas populistas assustam investidores

Em vez de cortar gastos, governo compensa Bolsa Família com aumento de arrecadação; Ibovespa caiu mais de 2% e dólar chegou a R$ 5,28

Por Luisa Purchio Atualizado em 17 set 2021, 18h07 - Publicado em 17 set 2021, 17h21

Um dia após a decisão do governo de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de pessoas físicas e empresas, o mercado financeiro reagiu, e não foi de forma positiva. A alta da alíquolta para bancar o novo Bolsa Família, uma das grandes apostas eleitorais do presidente Jair Bolsonaro, mexeu com o ânimo dos investidores. A bolsa brasileira fechou com queda acima de 2%, em 111,4 mil pontos, patamar não visto desde março deste ano.

A medida pesa na decisão dos investidores de apostar no mercado de capitais brasileiro, já com tributos bastante altos. “O aumento de IOF vem numa hora inadequada”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “É momento de ajudar a economia porque, além de uma inflação elevadíssima e de pressões de custos de energia elétrica, nós temos naturalmente um ajuste da Selic para cima para tentar combater a inflação do ano que vem e para trazer ela para a meta”, diz ele, que acredita que estender o Bolsa Família é uma causa nobre, mas que deveria ser “financiada com redução de gastos, e não com aumento de tributação.”

A ideia do governo Bolsonaro é compensar via arrecadação de impostos os gastos que serão feitos com o Bolsa Família, chamado de Auxílio Brasil ainda este ano, enquanto aguarda soluções para 2022. As contas públicas do país estão apertadas uma vez que a União terá de desembolsar um alto valor para pagar os precatórios (dívidas judiciais). Há, ainda, o problema da inflação, que pesa ainda mais no Orçamento público e o deixa sem espaço para acomodar novas despesas.

O cenário político e a antecipação das eleições presidenciais também continuam afetando a bolsa brasileira. Nesta sexta-feira, o instituto Datafolha divulgou uma pesquisa na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com 56% das intenções de voto no segundo turno em uma disputa com Jair Bolsonaro, que teria 31% dos votos no cenário. Junto com o aumento do IOF, a notícia preocupa os investidores. “Ambas as informações sugerem ao mercado a possibilidade de o governo recorrer a medidas populistas, gerando portanto maior gasto para conseguir alguns votos”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

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O real reflete este receio e, nesta tarde, o dólar comercial tinha alta de 0,33%, cotado a 5,282 reais. Em uma cesta de 30 moedas emergentes, o real ocupava o sexto lugar de maior queda ante a moeda americana. “Essa decisão [de aumentar o IOF] afeta a pessoa física e a empresa de forma geral, não só porque encarece o crédito, mas também porque, se o governo entrar com medidas populistas, certamente elas pressionam ainda mais a inflação, o que aumenta a taxa de juros e diminui o crescimento econômico”, diz Consorte.

Cenário global

Nesta sexta-feira, o ambiente doméstico brasileiro se soma a outros motivos que estão derrubando as bolsas globais, como a queda dos preços do minério de ferro e do petróleo, decorrentes das restrições da China e da desaceleração global. A UBS, por exemplo, mudou a recomendação de “compra” para “venda” da Vale após estimar que os 150 milhões de toneladas de minério de ferro excedentes estão crescendo para 2022.

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