PIB de 2021 deve ser impulsionado pelo aumento da taxa de poupança
Caso os fatores de risco da Covid-19 sejam controlados, valor guardado por famílias e empresas impulsionarão a retomada no segundo semestre
Além do PIB do primeiro trimestre de 2021 divulgado na manhã desta terça-feira, 1°, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a taxa de poupança no período foi de 20,6% do PIB, ante 13,4% no mesmo período do ano anterior e o maior nível desde 2014, um dos grandes destaques do resultado, segundo o Ministério da Economia. Simultaneamente à cautela, o valor poupado pelos brasileiros veio crescendo desde o primeiro trimestre do ano passado, como é de costume em crises financeiras, em que as famílias cortam gastos para se prevenir de um eventual desemprego ou uma piora do quadro econômico.
Caso os riscos da pandemia se mantenham controlados até o final do ano, a expectativa dos economistas é que estes recursos serão fundamentais para impulsionar a retomada do país no segundo semestre. “Houve um aumento tanto na poupança das famílias quanto das empresas e ela é um fator que pode servir de estímulo pensando em um momento em que as famílias consigam utilizar estes valores”, diz Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências. “Não é uma questão que vai garantir o crescimento por muito tempo, mas pode ajudar na travessia entre a recuperação da pandemia e uma situação em que os recursos começarão a ser utilizados”, diz ele.
No primeiro trimestre deste ano, o consumo das famílias caiu 0,1% em relação ao trimestre anterior, apontando uma restrição nos gastos, com o fim dos programas de auxílio, desemprego maior e inflação. “Este foi um primeiro trimestre sem auxílio emergencial e com um mercado de trabalho ainda frágil, bem distante dos patamares pré crise. Este é um alerta, olhando para o lado da demanda, de que as famílias estão claramente ainda com restrições financeiras e é um fator de risco para o desempenho dos próximos trimestres”, diz Campos Neto.
Já em relação ao resultado positivo do PIB no primeiro trimestre, que cresceu 1,2% e chegou a 2,048 trilhões de reais, o economista afirma que o resultado “consolida a posição que já vinha ganhando corpo nas últimas semanas”, impulsionado principalmente pelo agronegócio, a indústria de extração e especialmente construção, porém é preciso ficar atento aos desafios dos próximos meses. “É um bom início de ano, mas com alguns riscos pela frente principalmente em relação à pandemia. A economia está aprendendo a lidar com esta situação, mas este é um tema que ainda vai dominar a cena e há uma preocupação sobre eventuais impactos caso haja uma piora no quadro”, diz ele.