As mães que vão trabalhar no Dia das Mães
Veja também por que o Dia das Mães é comemorado no segundo domingo de maio

O Dia das Mães foi oficialmente instituído no Brasil em 1932 por meio de decreto editado pelo então presidente Getúlio Vargas. Como nos Estados Unidos, a data é celebrada todo segundo domingo de maio — neste ano, a celebração acontece no dia 13 de maio.
“O segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração dos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana”, afirma o texto do decreto.
Justamente pelo apelo sentimental, essa é uma das comemorações que costuma reunir famílias. Mas há mulheres que precisam ficar longe dos filhos e parentes, pois trabalham aos domingos. Esse é o caso de socorristas, operadoras de trem, motoristas de ônibus e outras profissionais ouvidas por VEJA.

A socorrista Francielli Santos, de 30 anos, sairá às 7 horas do domingo e só voltará para casa às 7 horas do dia seguinte. Mãe de dois filhos, uma menina de 3 anos e um bebê de 8 meses, a enfermeira trabalha no Rodoanel Oeste, rodovia sob concessão da CCR, em jornadas de 24 horas – com folga de 72 horas seguintes. O marido, que tem a mesma profissão, cuida das crianças quando ela está de plantão e vice-versa. “ Nós nos conhecemos na rodovia e eu trabalho há cinco anos na função”, explica ela, que durante a entrevista precisou parar para atender a uma ocorrência.
As duas licenças-maternidade pelas quais passou aconteceram enquanto já atuava como socorrista. “Voltar foi difícil, mas o que me confortou foi ter meu marido para ajudar. Na primeira vez, eu queria saber a cada dez minutos se estava tudo bem”, diz. “Amo o que eu faço, então não tem problema trabalhar no Dia das Mães. Vamos comemorar no sábado, que estaremos de folga”, diz.

Há quatro anos, Janaina de Melo, de 31, deixou de ser enfermeira para se tornar motorista de ônibus de uma linha que serve a Zona Sul de São Paulo. Ela conta com a ajuda da mãe, que mora no fundo do quintal, para cuidar do filho de 6. No domingo, trabalhará das 4 às 14 horas, mas já se programa para almoçar com a família. “Nós, mulheres, temos que trabalhar, lutar para ter as nossas coisas e cuidar dos nossos filhos. Consigo equilibrar o dia, dar atenção para o meu filho, ensinar, ajudar com as lições da escola, estar presente como mãe e como profissional”, diz a motorista, que começou a trabalhar fora com apenas 13 anos.
Mãe solteira, Janaina se separou quando o filho tinha 8 meses. “Foi um processo difícil, mas fui tocando a minha rotina. Na época em que me separei, fazia faculdade e trabalhava, então quase não via meu filho. Não desisti porque sabia que a luta era grande para quem é mulher. Às vezes fico uns dois, três dias sem conseguir falar com ele, tem aquela tensão, mas ele compreende.”
Outra mãe que trabalha na direção é Nádia Maria Fanti, de 55 anos. Ela é operadora de trem na linha 1-Azul do Metrô há oito anos. Hoje, com o filho que tem 27 anos, ela diz que é mais fácil conciliar a vida profissional com a pessoal. Mas nem sempre foi assim. “Voltei para o mercado depois que me separei, com uma crianças de 2 anos. Tive dificuldade de deixá-lo quando era pequeno. Na época meus pais eram vivos e tive apoio deles. Depois, eu conseguia adaptar o trabalho com o horário da escola.” Na adolescência, queria saber quem eram as companhias dele. “Essa era minha preocupação”, diz. No domingo, trabalhará das 7 às 15 horas. Depois vai aproveitar o resto do dia com o filho, que também trabalha no Metrô e estará de folga. “Vamos fazer um ‘almojanta’”, diz.

A funcionária da linha 4-Amarela do metrô, Thais Ferreira, de 33 anos, é mãe de dois filhos: uma de 16 e outro de 7. Faz seis meses que ela passou a ocupar o cargo de atendimento da central de operações. “É uma função administrativa. Respondo a e-mails e dúvidas de usuários da linha”, conta. “Estudo publicidade e propaganda de manhã e trabalho das 13h40 às 22 horas em sistema de escala”, explica, sobre a jornada em que trabalha quatro dias, folga dois, trabalha cinco e descansa um. Como a empresa fica perto de casa, chega rapidamente. “Acordamos às 6 horas, pois todos estudamos de manhã. Antes das 13 horas estou em casa de novo e almoçamos”, diz. O marido trabalha viajando, então não é sempre que ele está em casa.
A folga dela está programada para sábado, mas o domingo será de labuta, das 10 às 18 horas. “Vamos passear no sábado e, no domingo, tomaremos café e depois ficamos mais um pouco juntos à noite. Estou acostumada a trabalhar por escala, meus filhos entendem que é necessário, pois estamos tentando melhorar o futuro deles”, diz.
A origem da data
Tudo começou quando morreu Ann Marie Reeves Jarvis, mãe de Anna Jarvis, em maio de 1905, no estado americano da Virgínia. Para homenagear todas as mães, Anna organizou com outras mulheres um dia para ensinar às crianças sobre a importância da figura materna. Em 10 de maio de 1908, o grupo realizou um culto na Igreja Metodista Andrews, em Grafton, e o governador William E. Glasscock definiu que 26 de abril de 1910 seria adotado como o dia oficial dedicado às mães. Porém, era uma celebração estadual. Foi daí que o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, em 1914, propôs que o dia nacional das mães fosse comemorado em todo segundo domingo de maio.
Bem antes disso, na Idade Antiga, já havia rituais em torno de figuras mitológicas maternas. Na Idade Média, Eva e Maria serviram de referências ao simbolismo judaico-cristão.