Estamos imersos na era da conectividade instantânea e onipresente. A simbiose de nossas vidas com os dispositivos móveis se reflete nas mais variadas ações. Se no campo das interações pessoais os ganhos e possibilidades saltam aos olhos, no mundo dos negócios ainda há um universo a ser descortinado.
Por mais que seja difícil imaginar uma empresa desconectada, uma recente pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que apenas 6% dos empresários industriais efetivamente usam o 5G para otimizar processos produtivos.
Da gestão logística conectada a sistemas de irrigação inteligentes com monitoramento da umidade do solo integrados às previsões meteorológicas que permitem o uso racional da água. Capacetes que transmitem o estado de saúde do operador em tempo real para evitar acidentes. Drones que fotografam a área de plantio, analisam imagens na hora e já fazem a pulverização para correção. As alternativas para o uso de tecnologias são um desafio para a indústria, o comércio e os serviços, e para o próprio setor de telecomunicações. As novas redes 5G e a onda da IoT exigem ainda mais a integração.
Por um lado, os negócios tradicionais não têm como não repensar a otimização digital de processos e produtos. Por outro, as teles precisam se colocar como parceiros estratégicos, entender os diferentes modelos de negócios e construir soluções para cada um deles. O escopo final é chegar ao cidadão com soluções mais eficientes, do ponto de vista econômico, e mais sustentáveis, do ponto de vista social e ambiental.
“A digitalização se tornou condição necessária para qualquer negócio”
Analistas internacionais são unânimes em definir o potencial de incremento de produtividade por meio do 5G em percentuais expressivos do PIB. Mas essas projeções só se tornarão realidade a partir da disseminação e da absorção da inovação. Hoje, apesar de 61% dos empresários considerarem importante ou muito importante adotar as soluções 5G, quase metade deles (47%) admite ter pouco ou nenhum conhecimento sobre ela. Nesse hiato entre a relevância e a compreensão da tecnologia é que reside a nossa responsabilidade de evolução.
A boa notícia é que o terreno da infraestrutura no Brasil está avançando segundo os mais altos padrões internacionais. De acordo com a última pesquisa da Ookla Speedtest, o Brasil evoluiu consideravelmente no desempenho das redes 5G, colocando-se entre os primeiros cinco países do mundo, à frente de potências como os Estados Unidos e de toda a Europa. Além da vanguarda no 5G, testes recentes apontam que progredimos para a implantação do 5.5G ou 5G Advanced, com velocidade dez vezes maior.
Precisamos entender que não existe mais a palavra “economia” dissociada de “digital”. A digitalização saiu do patamar de vantagem competitiva e se tornou condição necessária a qualquer negócio. A consciência e a governança dessa realidade por parte de todos os atores envolvidos, públicos e privados, são premissas para colher a oportunidade de incrementar em volume e qualidade o sistema produtivo.
Alberto Griselli é CEO da TIM
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Publicado em VEJA, abril de 2024, edição VEJA Negócios nº 1