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Aporte a BNDES e Caixa faz parte de política de governo

Como hoje já não há necessidade de adoção de medidas anticíclicas, papel ativo dos bancos públicos atende a uma orientação de governo

Por Beatriz Ferrari e Benedito Sverberi
27 ago 2010, 19h18

A capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal (CEF), anunciada nesta sexta-feira, faz parte da política de governo de fortalecimento dos bancos públicos, afirmam economistas ouvidos por VEJA.com. Sob o argumento de manter sua capacidade de empréstimo, o governo autorizou a transferência a essas instituições de 7 bilhões de reais em ações da Petrobras pertencentes à União. O anúncio soma-se a outras operações de natureza semelhante realizadas pelo governo no período recente.

Desde o último trimestre de 2008, quando a crise financeira norte-americana espalhou-se mundo afora e fez secar as linhas de crédito, o governo tem exortado os bancos públicos a aumentar a oferta de crédito e, com isso, contribuir para a manutenção da atividade econômica. Naquela época e ao longo de 2009, a palavra de ordem era realizar política anticíclica – ou seja, de estímulo ao crescimento quando o momento era contração econômica.

Hoje, argumentam os especialistas, apelar para esta justificativa não faz mais sentido. Afinal de contas, o PIB doméstico mantém há meses forte ritmo de expansão. O expressivo ritmo de liberação de crédito por parte destas instituições passou a atender, portanto, a uma determinação interna de ser mais atuante no cenário econômico. “Esse movimento é um sinal forte de continuidade da política do governo atual de utilizar bancos estatais pra promover a expansão da economia”, avalia o economista José Julio Senna, de MCM Consultores.

Na visão do economista Mansueto de Almeida, o aumento de capital do BNDES e da Caixa não surpreende porque os empréstimos dos bancos públicos têm tido trajetória crescente e têm pesado sobre o patrimônio. “Como os bancos precisam respeitar os limites de alavancagem, o movimento já era esperado”, aponta.

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Perspectivas – Considerando as necessidades futuras de investimento no país – principalmente em função das grandes obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e Olimpíadas, exploração do petróleo da camada pré-sal e construção da usina de Belo Monte -, os economistas acreditam que essa política continuará.

“Neste contexto, não vejo possibilidade de o BNDES e outros bancos públicos não desempenharam um forte papel”, prevê Márcio Nakane, professor de economia na Universidade de São Paulo (USP). No entanto, o especialista não acredita que haverá, no curto e médio prazo, novos grandes aportes, como os destinados ao BNDES em 2009 e 2010 e que somaram 180 bilhões de reais. As explicações são o desgaste político gerado por esta política e o evidente impacto sobre as contas públicas. Além disso, a própria expansão das carteiras, que hoje se verifica, é garantia de que haverá boa quantidade de recursos para novas concessões nos próximos anos.

José Julio Senna concorda que não há um limite próximo para esta política. “Isso é preocupante porque gera distorções e pressões inflacionárias”, acrescenta. O risco de ter o estado (entenda-se o dinheiro do contribuinte) como provedor de emergência de recursos a instituições financeiras públicas não está descartado.

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