Jairo Mejía.
Washington, 21 abr (EFE).- Os países latino-americanos saíram do centro das atenções dos encontros do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (BM) e de ministros de Finanças do G20 e foram elogiados pelas medidas macroeconômicas da região em um momento de crise financeira global, apesar dos avisos para não recorrerem a medidas protecionistas.
Os países sul-americanos lembraram neste sábado, no fechamento das reuniões, que após anos de estagnação, reformas e crise, fizeram as lições de casa para manter o ritmo de crescimento e consolidar a estabilidade e distribuição de riqueza.
No comunicado do Comitê Financeiro do FMI, a Argentina, representando Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, indicou que as raízes dos problemas europeus foram solucionadas tarde demais. O documento, assinado pelo ministro das Finanças da Argentina, Hernán Lorenzino, ainda ressaltou que ‘muitas regras do Fundo foram modificadas para acomodar o apoio a países da Europa, o que não aconteceu em tempos da crise asiática em 1997 ou latino-americana, em 2000’.
Nesta semana o FMI e o BM aplaudiram as políticas monetárias e fiscais promovidas pelas grandes economias do continente, assim como a disciplina e prudência com a qual resistiram à crise de 2008. No entanto, recomendaram que os países aproveitem as oportunidades oferecidas pelo crescimento da China e pelo seu enorme mercado interno.
O relatório ‘Perspectivas Econômicas Globais’, apresentado nesta semana, prevê o crescimento de 3,7% da região em 2012 e alta de 4,1% no ano seguinte, algo que FMI considera o nível máximo de capacidade de expansão.
Entre os países com a melhor situação na região estão Brasil, México, Colômbia e Chile, economias que mantiveram disciplina fiscal e monetária para fazer frente aos fluxos de capital especulativo e aproveitar o aumento dos preços de matérias-primas de forma a fortalecer uma reserva diante de eventuais recaídas econômicas globais.
O secretário de Finanças do México, José Antonio Meade, que presidiu a reunião do G20 na última sexta-feira, lembrou que o país norte-americano realizou uma reforma tributária e uma política monetária estável, apesar do FMI advertir que o crescimento do país é ‘débil’.
Como advertências o fundo destacou a necessidade de manter a inflação contida e evitar medidas protecionistas em nível regional para fazer frente às oscilações no mercado de divisas e influência dos fluxos de capital internacionais.
Dentro do assunto, a Argentina respondeu, diante dos membros do G20, sobre o plano de nacionalizar YPF, propriedade da companhia petrolífera espanhola Repsol, e que elevou a críticas da Espanha e da União Europeia, assim como do FMI e do BM. O economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, e o presidente em fim de mandato do BM, Robert Zoellick, advertiram que a decisão de expropriar a YPF põe em risco a confiança dos investidores no país e é uma medida ‘equivocada’.
Tanto o comunicado final da reunião de ministros de Finanças do G20, como o do FMI, neste sábado, incluem a necessidade de ‘proteger investimentos’ entre as receitas para combater os desequilíbrios globais que provocam as crises econômicas.
Enquanto isso, os países sul-americanos, e especialmente Brasil, pediram pelo avanço nos compromissos para reformar o sistema de cotas do fundo a favor de economias emergentes. O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, pediu mais concretização no avanço para cumprir os prazos que darão mais poder às economias emergentes, de acordo com o peso econômico em nível global.
‘As reformas nas cotas são cruciais para a legitimidade e efetividade do Fundo’, disse. Mantega insistiu que os avanços ‘lentos e limitados’ do processo de reformas devem ser concluídos na próxima reunião anual do FMI, que será realizada em Tóquio, em outubro deste ano. EFE