Aluguel recua 0,61% nas principais capitais em 2021, aponta FGV
Na cidade de São Paulo, o preço retrocedeu mais que o índice médio, com o valor do aluguel caindo 1,83%
O aluguel foi motivo de muita preocupação durante a pandemia em um momento em que o IGP-M, índice utilizado para o reajuste de contratos de aluguel, também começou a escalar, acumulando alta de 17,78%. Mas esse cenário não se refletiu no aumento do preço dos aluguéis. Pelo contrário, o valor recuou 0,61% nas principais capitais em 2021, segundo dados do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), lançado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), nesta terça-feira, 11.
O mercado imobiliário foi um setor bastante afetado pela pandemia com a redução ou até mesmo perda de renda de parte da população, incentivando nas renegociações entre proprietários e inquilinos. “O desemprego elevado sustentou negociações entre inquilinos e proprietários que resultaram, em sua maioria, em queda ou manutenção dos valores dos aluguéis, contribuindo para o recuo da taxa anual do índice”, avalia Paulo Picchetti, Pesquisador do FGV-Ibre e responsável pela metodologia do IVAR.
Na cidade de São Paulo, o preço retrocedeu mais que o índice médio em 2021, com o valor do aluguel recuando 1,83%. Em Porto alegre, a queda foi de 0,35%. Belo Horizonte e Rio de Janeiro registraram maior variação na taxa interanual, encerrando com alta de 1,46% e 0,46%, consecutivamente. Ainda assim, considerando a tendência da variação acumulada em 12 meses, todas as cidades componentes do IVAR apresentaram desaceleração. “Ainda que a inflação, medida pelos principais índices de preços do país, esteja em aceleração, a variação interanual dos aluguéis residenciais segue em desaceleração. A alta da inflação vem reduzindo a renda familiar, que segue pressionada pela apatia da atividade econômica e pelo alto índice de desemprego. Com a renda familiar em baixa, os valores dos aluguéis tendem a acompanhar tal tendência, refletindo o avanço das negociações entre inquilinos e proprietários” avalia André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV-IBRE.
Mudança de metodologia
O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais foi criado para medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais em quatro das principais capitais brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre – com base em informações anônimas de contratos de locação obtidas pelo FGV-Ibre junto a empresas administradoras de imóveis. Consiste em um aprimoramento das estatísticas sobre aluguéis residenciais do FGV-Ibre, e representa uma inovação nas estatísticas por usar informações obtidas diretamente de contratos assinados entre locadores e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis. A mudança na coleta explica as diferenças observadas nos demais índices do setor.
No Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), o item aluguel residencial registrou aumento de 6,98%, e alta de 4,45% no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S, do Ibre/FGV), no ano de 2021. Nesses casos, os preços são calculados com base nos anúncios de locação, mas nem sempre o proprietário fecha o contrato pelo preço anunciado, gerando distorções nos dados.