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Não é só o TikTok: por que EUA e China ampliam cerco a gigantes tech

Elas se tornaram protagonistas da guerra comercial e das crescentes tensões geopolíticas entre os dois países

Por Camila Barros Atualizado em 8 Maio 2024, 14h03 - Publicado em 3 Maio 2024, 06h00

A rede social chinesa TikTok conseguiu o que parecia ser impossível nos Estados Unidos: unir campos políticos divergentes. Há alguns dias, o presidente democrata Joe Biden sancionou, com apoio dos republicanos, uma lei que fecha o cerco contra o gigante chinês no país. Entre outros pontos, determina que a controladora da marca, a ByteDance, venda a operação americana do TikTok. Caso isso não ocorra, a rede social poderá ser banida dos Estados Unidos no ano que vem. Com 1 bilhão de usuários no mundo — dos quais 150 milhões em território americano e 98 milhões no Brasil — o aplicativo é considerado pelo governo Biden uma ameaça à segurança nacional. O argumento, contudo, não esconde o fato de que as grandes empresas de tecnologia se tornaram protagonistas da guerra comercial e das crescentes tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China.

arte big tech

Criado em 2016, o TikTok extrapolou suas atribuições originais. Com o tempo, o aplicativo de compartilhamento de vídeos se tornou muito mais do que uma rede social de dancinhas divertidas. Hoje em dia, é uma das principais fontes de informação para jovens da geração Z (os nascidos de 1995 a 2010), representando uma ameaça até mesmo para o Google (leia o quadro). Na visão dos congressistas de Washington, o perigo do Tik­Tok reside na possibilidade de vazamento de dados de cidadãos americanos para os chineses. Muitos analistas, porém, consideram que há bem mais em jogo. “Ao mesmo tempo que o governo usa a justificativa de vazamento de dados, existe a questão de proteção das tecnologias nacionais”, diz Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas.

Os críticos das restrições impostas pelo governo Biden dizem que elas contrariam um princípio que fez dos Estados Unidos o mais poderoso dos países: a livre iniciativa. Ao impedir que um rival externo enfrente as empresas locais, os americanos estariam repetindo os métodos das nações que desprezam a liberdade econômica. Não é a primeira vez que isso ocorre. Um caso emblemático é o da Huawei, outro destaque chinês de tecnologia. A fabricante de equipamentos de telecomunicação sofre restrições comerciais nos Estados Unidos desde 2019, sob o mesmo argumento — o risco à segurança nacional. Segundo o governo, os equipamentos da companhia, uma das líderes da tecnologia 5G, poderiam ser utilizados para espionagem.

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PREGÃO - IPO do Alibaba nos EUA: governo chinês era contrário à iniciativa
PREGÃO - IPO do Alibaba nos EUA: governo chinês era contrário à iniciativa (Scott Eells/Bloomberg/Getty Images)

A China, claro, não fica atrás quando o assunto é ingerência indevida do Estado nos desígnios da iniciativa privada. No ano passado, o governo proibiu que funcionários públicos utilizem iPhones durante o trabalho, numa investida para diminuir a dependência de equipamentos estrangeiros e impulsionar o uso de smartphones nacionais. Mais recentemente, segundo informou o jornal britânico Financial Times, o país também instituiu diretrizes para que os computadores oficiais do governo não incorporem chips das americanas Intel e AMD. Como se não bastasse, o Partido Comunista Chinês veta no país o uso de redes sociais e sites tradicionais no Ocidente, como Face­book, Google, Instagram e You­Tube. Na direção oposta, empresas chinesas como a plataforma de comércio eletrônico Alibaba tiveram de superar inúmeros obstáculos para abrir capital nos Estados Unidos — os chineses não queriam que o gigante tivesse grandes acionistas estrangeiros. O próprio Tik­Tok não existe por lá — também pertencente à ByteDance, a versão chinesa do aplicativo chama-se Douyin e é operada com submissão a orientações governamentais. Na guerra fria entre as nações, é o consumidor que sai perdendo ao ser impedido de escolher o produto de acordo com os seus próprios interesses.

Publicado em VEJA de 3 de maio de 2024, edição nº 2891

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