Aeroporto de São Roque pode ter operação comercial para ajudar na Copa
Terminal da JHSF que atenderá o mercado executivo deverá ser acionado para acomodar demanda emergencial dos aeroportos da região metropolitana
Antevendo um fluxo maciço de turistas durante a Copa do Mundo e dificuldade para atendê-los, o governo federal já pensa em medidas de emergência. Com receio de que os aeroportos de Congonhas, na capital, e de Cumbica, em Guarulhos (SP), fiquem abarrotados, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) avalia a possibilidade de usar como “válvula de escape” o aeroporto privado que será construído pela construtora JHSF em São Roque, a 62 quilômetros de São Paulo. A saída seria conceder ao terminal autorização temporária para receber voos comerciais de passageiros em momentos emergenciais, como nos dias de jogos e em outras situações de sobrecarga, como nos freqüentes fechamentos de aeroportos da região metropolitana por questões climáticas. “Um modelo semelhante é adotado no aeroporto privado de Comandatuba, na Bahia. Ele é usado em casos excepcionais e emergenciais para desafogar Ilhéus”, relatou uma fonte da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A JHSF – conhecida por sua atuação no mercado de empreendimentos de luxo, como o Shopping Cidade Jardim – recebeu há seis meses autorização do órgão regulador para construir o aeroporto de São Roque, que receberá aeronaves de viagens nacionais e internacionais. A construtora aguarda a permissão do governo para a operação aeroportuária. O pedido da companhia restringiu-se ao atendimento do mercado de jatos executivos. Partiu da SAC o interesse em transformar o terminal em um braço complementar à operação dos aeroportos metropolitanos.
A outorga para operação do aeroporto será divulgada em bloco pelo governo federal. Depois de adiado duas vezes (5 e 15 de setembro), o anúncio é esperado para os próximos dias, dizem fontes ouvidas pelo site de VEJA. A SAC aguarda a aprovação do decreto presidencial que regulamentará a aviação executiva em diversos aeroportos privados espalhados pelo país. Existe a possibilidade de o anúncio ser feito pela Secretaria de forma concomitante à nova leva de privatização de grandes aeroportos comerciais brasileiros. Procurada pelo site de VEJA, a JHSF não quis comentar o assunto.
Aviação executiva – Mesmo com permissão para manejos pontuais de aeronaves comerciais, a natureza do Aeroporto Internacional de São Roque será executiva, com foco em táxi aéreo, serviços especializados e aeronaves de uso privativo. O terminal terá uma pista maior que a de Congonhas, de 2,8 mil metros, além de contar com um shopping center de luxo e um campo de golfe nas proximidades. Tudo pensado para atender o público de alta renda das regiões de Alphaville, Tamboré e interior paulista.
De acordo com uma fonte ligada à JHSF, o plano é que o aeroporto comece a ser construído no ano que vem e entre em operação em 2014, antes da Copa do Mundo de Futebol. A demanda por serviços de aeroportos privados aumentou muito nos últimos anos com a expansão da procura por slots (espaço para pouso e decolagem) para uso comercial das grandes companhias aéreas em aeroportos que antes atendiam de forma mais intensiva o público executivo. Os maiores exemplos são Congonhas e Campo de Marte, em São Paulo.
Trem – Em um momento que se discute a integração da logística brasileira, com a criação pelo governo da Empresa de Planejamento Logístico (EPL), o anúncio de pacotes de investimentos e mudanças no marco regulatório da infraestrutura, a própria JHSF está avaliando a retomada de um antigo projeto. A dona do Shopping Cidade Jardim quer construir um trem de luxo de passageiros que ligaria a cidade de Sorocaba (SP) à capital paulista, com ponto final na zona sul de São Paulo – não por acaso no bairro Cidade Jardim.
Segundo fonte ligada à empresa, o plano de viabilidade técnica e econômica foi finalizado cinco anos atrás, mas não foi levado à diante. Agora, o Conselho da JHSF vai retomar as discussões. O projeto, ao que tudo indica, será modificado. A ideia, diz a fonte, contempla agora a construção de uma estação adicional em São Roque para integração com o aeroporto internacional. Assim, executivos que descerem de seu jatinho poderão pegar um trem confortável para ir até seu escritório em Alphaville ou na própria cidade de São Paulo.