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O coro de Lula com os caminhoneiros que pode tirar o sono de Bolsonaro

Crítica à política de preços da Petrobras feita pelo petista ganha coro de Chorão, líder dos caminhoneiros: "Não podemos pagar em dólar se ganhamos em real"

Por Larissa Quintino Atualizado em 5 abr 2022, 17h58 - Publicado em 5 abr 2022, 09h36

No fim de março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a estrelar algumas propagandas na televisão questionando os atos de Jair Bolsonaro (PL) e ressaltando suas gestões, o que aumentou ainda mais o clima das eleições de 2022. Na primeira delas, o petista bate no preço do combustível e da Petrobras, a crise que Bolsonaro tenta apagar. “Alguém aí na sua casa ganha em dólar? Seu salário sobe quando o dólar sobe? Então por que a Petrobras está reajustando o preço dos combustíveis em dólar?”, questiona o petista no filme, e logo responde: “Nos governos do PT a gasolina, o gás e o diesel eram em real”. O discurso de Lula, que ataca frontalmente a Política de Paridade de Preços da Petrobras, engendrada já na gestão de Michel Temer (MDB), ganha coro à medida que o preço sobe e o clima eleitoral é instalado. 

A insatisfação com o preço da gasolina na bomba é algo que vem tirando o sossego de Bolsonaro, que tenta mexer no comando da Petrobras para dar uma resposta à população. Mas uma de suas grandes bases de apoio, os caminhoneiros, está com o discurso bem alinhado ao do ex-presidente. Um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018, Wallace Landim, o Chorão, segue exatamente a linha de pensamento do Lula ao questionar os reajustes no preço dos combustíveis. “Não podemos pagar em dólar se ganhamos em real”, afirmou a VEJA.

Segundo Landim, o alinhamento do discurso de Lula à pauta dos caminhoneiros não necessariamente demonstra um apoio, mas sim aflições da população que vem sofrendo com o aumento da inflação. O presidente da Abrava afirma que tem mantido conversa com todos os candidatos ao Planalto e já chegou a sentar pessoalmente com Ciro Gomes. Porém, diferentemente de 2018, quando houve um apoio maciço ao presidente Jair Bolsonaro, a categoria não deve endossar uma chapa tão logo. “Caímos nas promessas em 2018, não cairemos mais. Estamos calejados com isso, precisa estar escrito no plano de governo”, afirma. “Em 2018, nós paramos o país pelo WhatsApp, agora estamos muito mais organizados”, diz.

Sobre Bolsonaro, o líder dos caminhoneiros afirma que a categoria pretende, sim, conversar com o presidente, mas diferentemente de quatro anos atrás, eles irão cobrar. Na avaliação de Chorão, o presidente Bolsonaro tem ganhado tempo com o troca-troca de presidentes na Petrobras, mas as mudanças não têm efeito prático para a categoria. “O governo tem que ter coragem de falar para o mercado e seus acionistas que vai cuidar da população. A gente entende que tem várias questões que afetam, como a guerra na Ucrânia. Mas somos autossuficientes”, afirma, questionando a PPI.

Em março, um dia após o último reajuste dos combustíveis, a Abrava entrou com uma ação na Justiça Federal em Brasília pedindo a suspensão da política de paridade. A ação desceu para o Rio de Janeiro e os caminhoneiros esperam um posicionamento sobre a demanda. 

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