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A relação entre China, carnes e a inflação brasileira

Impedimento contribuiu para o arrefecimento do preço do produto, mas retomada deve impactar preços

Por Luana Zanobia Atualizado em 17 dez 2021, 00h47 - Publicado em 15 dez 2021, 14h17

A China vai retomar as importações de carne brasileira, segundo informou a Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) nesta quarta-feira, 14. O embargo de mais de três meses se deu após a confirmação de casos da doença BSE, conhecida como “mal da vaca louca”, no início de setembro. O impedimento contribuiu para o arrefecimento do preço da carne, que vinha pressionando a inflação. Mas frigoríficos e economistas já sinalizam que a retomada das exportações deve elevar o preço da carne novamente e, consequentemente, ter impacto na inflação, que nos últimos meses tem sido mais pressionada pelos combustíveis e energia elétrica do que por alimentos. No IPCA de novembro, por exemplo, os alimentos registraram deflação de 0,04% e ajudaram na desaceleração do índice, que ficou em 0,95%, abaixo dos 1,25% de outubro.

O movimento de escalada no preço dos alimentos começou em abril deste ano e passou a arrefecer nos últimos meses, bastante influenciado também pela queda no preço da carne. “A boa oferta no mercado interno, somada a demanda doméstica mais fraca, colaborou com os recuos nos preços do boi gordo e suíno na granja, bem como na indústria e varejo”, diz a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em relatório.

Segundo a CNA, a suspensão das compras chinesas derrubou o preço da arroba do boi entre o final de agosto e início de novembro, quando a cotação voltou a subir novamente. No entanto, a alta da arroba não impactou o mercado de carne, devido à demanda interna fraca. Com a escalada dos preços, o brasileiro passou a consumir menos carne no último ano, registrando o menor consumo em 25 anos. De acordo com dados do governo, hoje cada brasileiro consome 26,4 quilos ao ano, queda de quase 14% em relação a 2019.

A carne que que vinha de 16 meses seguidos de alta, apresentou recuo em outubro (-0,31%) e em novembro (-1,15%) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), influenciando na desaceleração do IPCA do mês, que foi de 0,95% contra 1,25% de outubro. Ainda assim, a carne acumula alta de 8,5% no ano e de 19,7%% em doze meses,  superando o IPCA geral, que foi de 10,72% em doze meses.

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O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), divulgado nesta quarta-feira, já sinaliza novos aumentos para o item bovino, que saiu de uma queda de 8,46% em novembro para uma alta de 11,28% em dezembro. Segundo especialistas entrevistados por VEJA, a retomada deve refletir no IPCA do mês de dezembro e no do primeiro trimestre de 2022. “O consumidor pode esperar nos próximos meses um aumento novamente no preço da carne, que tinha arrefecido por conta do embargo. Por outro lado, temos dinâmicas que podem contribuir para a manutenção da inflação em patamares menos pressionados, como o anúncio recente da redução do preço dos combustíveis nas distribuidoras”, diz Joni Vargas, economista da Zahl Investimentos.

Para Alexandre Lohmann, economista da Constância Investimentos, a reabertura pode fortalecer esse movimento de alta dos preços da carne, ainda mais dentro do contexto de efeito climático do La Niña, que deve perdurar até meados do outono de 2022. O fenômeno impacta o regime de chuvas e tem sido o responsável por chuvas abaixo da média nas regiões Sudeste e Centro-Oeste há pelo menos dez anos, e não deve ser diferente no próximo ano. Assim, o preço dos alimentos que é bastante influenciado pelas questões climáticas, pode voltar a ficar pressionado. Somado às questões internas e climáticas, a alta do dólar também tem bastante influência na escalada dos preços, e é outro fator que não deve arrefecer em meio às incertezas com as eleições.

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