Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A prioridade econômica em comum entre todos os candidatos

Reforma tributária com taxação sobre lucros e dividendos é uma das principais prioridades econômicas para acomodar os benefícios sociais prometidos

Por Luana Zanobia Atualizado em 15 set 2022, 22h17 - Publicado em 14 set 2022, 15h06

Em debate pelo Valor Econômico/O Globo, os assessores econômicos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) deram algumas indicações de como os atuais problemas deixados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) seriam resolvidos na gestão dos candidatos à disputa pela presidência. E, entre todas as campanhas – até mesmo a de Bolsonaro -, enfrentar o arcabouço tributário é tido como prioridade em 2023.

Contrário ao teto de gastos, instrumento criado em 2016 para limitar os gastos públicos, o representante de Lula, o economista Guilherme Mello fala em recriar um novo arcabouço fiscal, mas sem dar muitos detalhes. Segundo Mello, o foco do governo Lula será priorizar o crescimento econômico e os gastos públicos, sinalizando pela adoção de um estado muito longe do mínimo. A margem de diferença entre Lula e Jair Bolsonaro está ficando mais estreita.

A proposta é bem contrária à do governo atual, que enviou orçamento para 2023 com o menor valor histórico programado para os investimentos públicos, cerca de 22,4 bilhões de reais, dos quais apenas 4,7 bilhões de reais para infraestrutura. Tal valor equivale a aproximadamente 0,21% do PIB. A proposta, no entanto, revela a enorme disfuncionalidade do atual governo na distribuição das verbas, como revela a reportagem de VEJA desta semana. Em vez de direcionar o orçamento para uma estratégia sólida voltada para estado mínimo, o governo tem tornado a máquina pública mais improdutiva. Apenas para as emendas de relator estão destinados 19,4 bilhões de reais. As emendas de relator, conhecidas como orçamento secreto, são propostas e projetos coordenados pelo Congresso, que são pouco transparentes e de caráter paroquial, com objetivo de atender a interesses políticos, sujeitas a risco de obras e compras superfaturadas em regiões em que nem sempre são prioridade.

Mello defende a retomada dos investimentos público com “credibilidade e sustentabilidade”, criticando o teto de gastos que esmagou os investimentos públicos em detrimento do orçamento secreto, que vem sendo turbinado na atual gestão para atender interesses políticos. O assessor também se mostrou contrário à privatização da Petrobras, assim como os demais representantes de Ciro Gomes e Simone Tebet.

Para acomodar os gastos sociais previstos, a proposta do governo Lula é realizar uma reforma que onere os mais ricos, pela famosa taxação de fortunas. Segundo Mello, a tributação dos mais ricos beneficiaria 96% da população brasileira. A taxação de fortunas também é defendida por Ciro Gomes (PDT). O governo Jair Bolsonaro também já deu sinalizações favoráveis a taxação dos mais ricos através de falas do ministro da economia Paulo Guedes.

Continua após a publicidade

“O raciocínio gera algumas preocupações, primeiramente no tocante à sustentabilidade da política social, visto que para resolver o problema fiscal já contratado seria usada a criação de um imposto sobre fortunas, mas também seria fonte de recursos para financiar programa social. Além disso, esquecem que a despesa financeira, em grande parte, é produto de consumo passado, e eventualmente não honrá-la traria muito mais problemas associados a risco de refinanciamento do que benefícios”, avalia Étore Sanchez, economista-chefe e sócio da Valor Investimentos.

A taxação sobre lucros e dividendos é unanimidade entre todos os principais candidatos na disputa. A reforma tributária virou prioridade para todos os candidatos em meio ao aumento dos gastos públicos para acomodar os benefícios sociais prometidos. “Vamos ter que eleger bastante deputados e senadores, porque nós precisamos fazer uma nova política tributária nesse país. A gente tem que desonerar o salário para onerar as pessoas mais ricas desse país. Lucros e dividendos têm que pagar imposto de renda”, disse Lula em um evento realizado em São Paulo na semana passada. 

A taxação sobre lucros e dividendos está na mira do governo Bolsonaro com força desde o início do ano. A proposta de uma alíquota de 15% sobre lucros e dividendos foi aprovada na Câmara dos Deputados, junto com o aumento da faixa isenta do Imposto de Renda, mas ainda precisa da apreciação do Senado. Segundo Guedes, a medida pode liberar 70 bilhões aos cofres públicos por ano, o que seria suficiente para bancar a manutenção do pagamento de 600 reais prometidos para o Auxílio Brasil, que tem um custo estimado de 52 bilhões de reais, em relação aos 400 reais previstos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.