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A manobra do governo para alçar Paes de Andrade à presidência da Petrobras

Embora não atenda aos requisitos previstos no estatuto, Caio Mario Paes de Andrade não deve ter empecilhos para assumir a empresa

Por Felipe Mendes Atualizado em 24 Maio 2022, 12h43 - Publicado em 24 Maio 2022, 10h43

A Petrobras terá seu quarto presidente em menos de quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL). Depois de ter defenestrado Bento Albuquerque do cargo de ministro de Minas e Energia, era só questão de tempo para que a artilharia do presidente da República se voltasse contra o mandatário da petrolífera, José Mauro Ferreira Filho, que fora indicado por Albuquerque. Dito e feito.

Pouco mais de trinta dias após assumir a posição de CEO da Petrobras, Ferreira Filho foi destituído do cargo por Bolsonaro na noite da segunda-feira, 23. Para seu lugar foi anunciado o nome de Caio Mario Paes de Andrade, até então secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.

A troca sinaliza a retomada de força por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, após outro de seus secretários, Adolfo Sachsida, assumir a pasta de Minas e Energia e prometer avançar em estudos para a privatização da petroleira. Paes de Andrade é braço-direito e amigo de longa data de Guedes, que o indicou para a presidência de outra estatal, o Serpro, em 2019, e para a secretaria especial que estava à frente dos projetos relacionados a uma reforma administrativa.

Agora, Paes de Andrade, que é conhecido por ter uma visão pró-mercado, assume a Petrobras com uma missão parecida com a que lhe foi incumbida em 2019, quando assumiu o Serpro com o intuito de fazer a desestatização da companhia – algo que não foi para a frente, no entanto.

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O que joga contra Paes de Andrade, no entanto, é a ausência de predicados para assumir a Petrobras. Segundo estatuto da companhia, é exigido que cada membro da diretoria executiva tenha uma carreira de dez anos em cargos de liderança (C-Level), de preferência, no negócio ou em área correlata. Mas, como é controlador e exerce maioria dos assentos no conselho de administração da companhia, o governo pode articular para a aprovação do nome de Paes de Andrade.

No caso de Luna, que também não preenchia todos os requisitos previstos pelo estatuto, o governo fez uma “manobra” para alçá-lo ao cargo. “O que foi alegado na época é que a formação e a carreira do Luna como general davam a ele um tempo de comando equiparado a um C-Level”, diz Luiz Marcatti, presidente da consultoria Mesa Corporate Governance. “Quem garante que não vai haver outra manobra para compensar possíveis desalinhamentos do currículo ou da experiência do novo escolhido?”, complementa.

Apesar de credenciais na condução da digitalização do governo e na direção de empresas do setor da tecnologia nos últimos anos, Paes de Andrade não atende aos requisitos do estatuto, por não ter experiência no setor de óleo e gás. Dificilmente, no entanto, o nome do ex-secretário de Guedes será barrado aos moldes do que aconteceu, por exemplo, com o consultor Adriano Pires, que prestou serviços para diversas empresas do setor e, por isso, foi impedido de assumir a Petrobras. “O Bolsonaro pode fazer o que quiser. Tem 51% dos votos”, diz uma fonte ligada à empresa. “O conselho e a área de compliance podem atrasar ou complicar o processo de escolha, mas, no fim, é o governo quem manda”, reitera.

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