A inflação continua desenfreada nos Estados Unidos e na União Europeia
Na maior economia do mundo, inflação ao consumidor atingiu 6,8%; na zona do euro, índice oficial de preços já chegou a 8,9%
Os dados inflacionários continuam não só em ritmo de subida nos Estados Unidos e União Europeia, como também ultrapassando recordes. Depois do resultado estrondoso com a inflação em 9,1% em junho nos EUA, o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE, no original), divulgado nesta sexta-feira, 29, atestou novamente o forte cenário de alta, até mesmo quando os preços de alimentação e combustíveis são excluídos. O crescimento no intervalo anual foi de 6,8% até junho, com alta de 1%. Já, quando a categoria de energia e consumo alimentício são desconsiderados, o aumento foi de 4,8% até junho, com elevação de 0,6%. Novamente, um cenário inédito no percurso de quatro décadas.
Os dados divulgados pelo Departamento de Comércio são os preferidos pelo Federal Reserve, o banco central americano, para dar embasamento à política monetária de aumento de juros, na tentativa de conter a generalizada elevação de preços. O PCE tem uma abordagem direta do problema, ao indicar a inflação do consumo americano, e reafirma, conforme os dados de junho, a avaliação de que os fatores globais pressionando a inflação são tão preocupantes quanto os fatores internos na economia americana. “A inflação está se deslocando da meta desde março de 2021, quando observamos a taxa de 2,6%, bem antes do quadro de inflação das commodities, acentuado pelo conflito do leste europeu”, avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, citando, como razão para tal, o aquecimento da demanda da população norte-americana com as políticas de estímulo de renda adotadas pelo governo.
A inflação na zona do euro, por sua vez, subiu 8,9% em julho no intervalo de doze meses, de acordo com o Eurostat, o serviço de estatística da União Europeia. A taxa ficou acima da expectativa média no mercado, que estava em 8,7%, e a elevação, em relação ao mês passado, foi de 0,3 ponto percentual (em junho, a inflação estava em 8,6%). Diferentemente dos Estados Unidos, o bloco europeu só começou a adotar na semana passada a política monetária agressiva de aumento dos juros.
A energia é o principal fator disparado para a escalada de preços, representando 39,7% do aumento, no acúmulo de um ano, uma leve queda em relação à taxa de 42% em junho. O combo de alimentação, álcool e tabaco acumulou aumento de 9,8%, ante 8,9% em junho. Bens industriais não energéticos e o setor de serviços apresentam alta anual abaixo de 4,5%.