A grande bomba econômica que Lula precisará desarmar em 2023
Índice de inadimplência é o maior já registrado no país desde março de 2016; restrição no crédito inibe o crescimento do país
![Brazilian former president (2003-2010) and presidential candidate for the Workers' Party (PT) Luiz Inacio Lula da Silva (PT) gestures before the start of the television debate at the Globo TV studio in Rio de Janeiro, Brazil, on October 28, 2022. - After a bitterly divisive campaign and inconclusive first-round vote, Brazil will elect its next president on October 30, in a cliffhanger runoff between far-right incumbent Jair Bolsonaro and veteran leftist Luiz Inacio Lula da Silva. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/10/000_32MD3P7.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O cenário em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumirá o país em 2023 está longe de ser dos sonhos. Apesar da desaceleração da inflação e da reação do mercado de trabalho, há um grande problema que deve tirar o sono da nova equipe econômica: a taxa de inadimplência do país voltou a bater recordes, e tudo isso em um cenário de juros elevados. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgado nesta segunda-feira, 7, o índice de inadimplência ficou em 30,3% em outubro, o maior desde março de 2016.
De acordo com a confederação, o número de pessoas com restrição de crédito devido ao atraso nas contas representa três em cada dez brasileiros. Em um ano, o crescimento do indicador foi de 4,5 pontos percentuais. O índice de famílias endividadas é de 79,2%, praticamente oito em dez com dívidas a vencer. Entre elas, estão cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa. No caso do endividamento, houve recuo de 0,1 ponto em relação ao mês anterior. “O nível de endividamento alto e os juros elevados pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento, ficando mais difícil quitar todos os compromissos financeiros dentro do mês”, pontua José Tadros, presidente da CNC.
O índice de inadimplência tem como efeito na economia brasileira um inibidor de crédito, já que famílias negativadas não conseguem pegar novas linhas de crédito para consumo, logo, consomem menos. A consequência do consumo menor reflete diretamente no crescimento da economia, já que o setor de serviços, onde o comércio está inserido, é o maior setor do PIB.
A preocupação com a inadimplência no país fez parte das propostas de governo de Lula, que prometeu um programa de renegociação de dívidas para famílias. A proposta, entretanto, não é prioridade absoluta, visto que deve ficar de fora da PEC de Transição – que deve abarcar um Bolsa Família de 600 reais, além de aumento real no salário mínimo. Chamado Desenrola Brasil, o programa prevê renegociar dívidas de famílias com renda de até 4 mil reais. A ideia é fazer um fundo garantidor do governo federal para a renegociação de dívidas entre o cidadão e a instituição credora.