A gangorra de expectativas para a inflação, segundo o mercado
Estimativa maior dos preços administrados puxa novamente projeção para cima após uma interrupção de onze semanas de alta
Analistas do mercado financeiro revisaram para cima a expectativa para a inflação oficial em 2023. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 13, pelo Banco Central, o IPCA deve encerrar o ano em 5,96%, acima da projeção de 5,90% da semana passada, de 5,79% do mês anterior e do teto da meta inflacionária para este ano, que é de 4,75%.
A revisão desta semana retoma a escalada das perspectivas dos preços para 2023 após uma breve interrupção. Na semana anterior, os analistas ouvidos pelo BC haviam interrompido uma sequência de 11 semanas de altas no IPCA, logo após a vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a ala política do PT na questão dos combustíveis. Ao insistir na reoneração de gasolina do etanol — focando no retorno da arrecadação e a diminuição do déficit, Haddad confirmou seu discurso de preocupação com o quadro fiscal do Brasil, ajudando na expectativa dos investidores quanto a mais gastos do governo, o que repercute nas perspectivas inflacionárias. Apesar disso, a reoneração tem um efeito prático no bolso do consumidor, que é o aumento de preços, algo que têm efeito direto na inflação.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, a ANP, o preço da gasolina subiu 9,6% nas bombas nos dez primeiros dias de retorno da cobrança do imposto. A alíquota cobrada é de 0,47 real sobre o litro da gasolina. No Focus, os investidores apontam que o problema está justamente nos preços administrados — valores menos sensíveis às condições de oferta e de demanda porque são estabelecidos por contrato ou por órgão público. De acordo com a estimativa, os preços administrados do IPCA devem fechar o ano em 9,13%, bem acima da projeção para o índice geral. Há um mês, essa estimativa era de 8,53%.