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A “disputa” inflacionária entre Bolsonaro e Dilma

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação, teve alta de 0,95% em março, sendo essa a maior variação para o mês desde 2015, no governo Dilma

Por Luana Zanobia, Carlos Valim Atualizado em 25 mar 2022, 16h46 - Publicado em 25 mar 2022, 15h21

Brasil tem um longo histórico de enfrentar crises inflacionárias. Durante décadas, antes do Plano Real, elas afligiram o país. Mesmo depois disso algumas crises causaram estragos e trouxeram de volta a memória inflacionária da nação. Dos 21 anos em que o regime de metas de inflação está em vigor, em quinze deles o índice fechou o período com mais de 1 ponto percentual fora do alvo. Em quatro deles, a inflação ficou acima do teto da margem. O governo Dilma registrou um desses períodos, quando a inflação escalou de 6,50% para 10,67% em 2015. Situação semelhante vem acontecendo no governo Bolsonaro, que encerrou o ano de 2021 com inflação de 10,06%, bem próxima ao alcançado na gestão do PT.

Nesta sexta-feira, a divulgação do o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, deu sinais de que a inflação ainda continua persistente, mesmo com a elevada taxa de juros, no patamar de 11,75%. O índice teve alta de 0,95% em março, sendo essa a maior variação para o mês desde 2015, quando a taxa foi de 1,24% e o governo Dilma começava a estremecer e perder popularidade.

As estimativas para inflação continuam altistas. Nesta semana, o Banco Central elevou a estimativa de inflação para o ano de 4,7% para 7,1%, e zerou as possibilidades de ancorar as expectativas dentro da meta de 2022. A probabilidade de a inflação ficar fora da meta chega a 97%, admite. Mesmo com a apreciação do real frente ao dólar, algo que poderia ajudar bastante no resultado, o BC alerta que não deve ser suficiente para aliviar a pressão nos preços. Afinal, a elevação dos preços das commodities e os gargalos nas cadeias produtivas globais desencadeados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia mais do que compensam a perda de valor do dólar. A autoridade financeira atribui parte significativa da inflação atual aos preços do petróleo e dos alimentos, que de fato foram os itens que mais impulsionaram o IPCA-15 do mês de março.

O índice de março está apenas 0,4 ponto percentual abaixo do mês anterior, mas 0,3 ponto percentual acima na comparação com mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, de janeiro a março, a prévia da inflação registra uma taxa de 2,54%, e fica em 10,79% no acumulado de 12 meses, sendo este o sétimo mês em que o IPCA-15 fica no patamar dos dois dígitos. A expectativa do BC é que inflação acumulada atinja o pico em abril, e depois possa começar a cair, desde que a guerra não traga novas surpresas.

Todos os nove grupos de produtos e serviços da cesta registraram alta no mês, com maior destaque para Alimentação e bebidas (1,95%;), Saúde e cuidados pessoais (1,30%), e Transportes (0,68%). Na cesta de alimentos, a alta foi impulsionada pelo consumo em domicílio, com preços elevados na cenoura (45,65%), tomate (15,46%), frutas (6,34%), batata-inglesa (11,81%), ovo de galinha (6,53%) e leite longa vida (3,41%).

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Na cesta de saúde, a alta foi impulsionada pela categoria de higiene pessoal (3,98%) – em especial dos perfumes (12,84%) -, produtos farmacêuticos (0,83%), e serviços médicos e dentários (0,58%).

Nos Transportes, a maior contribuição foi com a gasolina (0,83%), item de maior peso no IPCA-15, com 6,40% do total. Altas também foram registradas nos preços do óleo diesel (4,10%) e do gás veicular (5,89%), com exceção do etanol, com queda de 4,70%.

No grupo Habitação, os maiores impactos vieram da energia elétrica (0,37%) e do gás de botijão (1,29%). Em março, também houve reajuste nos preços do gás vendido nas refinarias, representando um aumento de 16,06% no valor.

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