‘É bilionário o tamanho do prejuízo para o setor do turismo no Sul’
Alexandre Gehlen, CEO de rede de hotéis gaúcha, fala dos desafios da retomada após enchentes históricas
Administrador de empresa e hoteleiro com MBA em Gestão Empresarial, Alexandre Gehlen atuou em meios de hospedagem da Áustria e da Alemanha, além da propriedade da família em Gramado, na serra gaúcha, antes de fundar a rede Intercity, empresa que agrega em seu portifólio marcas como Yoo2 e Tru by Hilton. Em conversa com a coluna GENTE, Alexandre fala dos desafios do setor na região sul do país após as enchentes históricas do primeiro semestre.
Já é possível falar de retomada do turismo na região gaúcha? O fator decisório para a retomada efetiva é a reabertura do aeroporto de Porto Alegre. Tem que ser uma prioridade para a economia, não só do turismo e eventos, mas do estado como um todo. Quanto aos equipamentos turísticos, tudo já está operacional, principalmente na Serra Gaúcha onde o impacto nos destinos turísticos foi insignificante. Gramado e o Vale dos Vinhedos estão 100% abertos aos turistas. Rotas alternativas foram criadas assim como os acessos tradicionais liberados. Além disso, temos a base aérea de Canoas para voos comerciais. Também estamos com mais voos para a cidade de Caxias do Sul, que fica a 40 minutos de Gramado e 30 minutos de Bento Gonçalves.
Qual é o tamanho do prejuízo para o setor do turismo causado pelas enchentes históricas? É bilionário, seja nos ativos privados e públicos, seja na perda de receita e imagem do nosso estado como destino turístico. O Ministério do Turismo lançou uma campanha com foco no RS, assim como entidades, a exemplo do movimento “Supera Turismo”, que foi retomado com foco no Rio Grande do Sul. Outras iniciativas surgiram como o “RSnasce”, entidade sem fins lucrativos com foco na economia do turismo e eventos do estado. Não tenho dúvidas de que o estado sairá dessa fase ainda mais forte, inclusive esse ano teremos versões históricas da Expointer, do Festival de Cinema de Gramado, e o Natal Luz com certeza será o mais impactante de todos. Estamos ansiosos para receber nossos visitantes de volta.
O que achou das medidas governamentais para a retomada? Acredito que as decisões paliativas tomadas foram rápidas e assertivas dentro do possível, como a operação em Canoas e aumento de fluxo de voos para Caxias do Sul, Florianópolis e Jaguaruna, porém, tudo isso é muito pouco e a malha agregada não chega a 15% da oferta de voos anterior. A solução imediata do Aeroporto Salgado Filho é vital para cessar o prejuízo do setor. O que vemos é um cenário parecido com a pandemia, onde o turismo deu-se de forma mais regional e rodoviário.
A Intercity, rede de hotéis gaúcha, está entre as 5 maiores do Brasil. Quais são os principais hotéis da rede? Somos uma das maiores operadoras hoteleiras nacionais, com mais de 50 empreendimentos de norte a sul do Brasil, com nossa marca própria Intercity e sob marcas de terceiros, com exclusividade, a exemplo do Yoo2 no Rio, e a marca Tru by Hilton. No Rio Grande do Sul temos dez hotéis, onde oito permanecem operacionais e dois ainda fechados em função das enchentes. O mês de maio foi desafiador, mas atuamos rapidamente, disponibilizando parte do inventário dos hotéis para acomodar voluntários e colaboradores e seus familiares que, assim como boa parte dos gaúchos, ficaram desabrigados.
Há planos de expansão? Sim. Confirmada a implantação de um hotel de categoria upscale com 365 quartos, conectado com o terminal internacional de Guarulhos, projeto fruto de uma parceria com investidores privados e que tem expectativa de inauguração no início de 2027. Além deste empreendimento, assumimos a operação de um hotel na cidade de Joinville (PR) e temos confirmação para aberturas bob a marca Tru by Hilton, nas cidades de São Paulo e Marechal Candido Rondon (SC).