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Por Renata Firpo
Grandes negócios e tendências do mercado imobiliário. Renata Firpo é publicitária, consultora imobiliária e advogada pós-graduada em Direito imobiliário
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Como a insegurança afeta o preço dos imóveis nas metrópoles

Moradores de bairros mais atingidos pela onda de criminalidade começam a sentir no bolso os prejuízos provocados pela crise

Por Renata Firpo
Atualizado em 2 abr 2024, 09h28 - Publicado em 2 abr 2024, 09h11

No ultimo sábado, 30, a jogadora de vôlei sérvia Aleksandra Uzelac, despediu-se do Fluminense — time que, em suas palavras, sempre teve muita honra em defender. A razão de encerrar uma temporada que parecia ser tão promissora para a atleta de apenas 19 anos se deu por questões além da quadra. No mês de fevereiro, ela relatou que foi assaltada duas vezes em um intervalo de menos de dez dias no Rio. Em ambas ocasiões foram roubos com armas de fogo, o que a deixou traumatizada e preocupada com sua segurança.

O impacto da violência urbana tem um efeito cascata em diversos níveis da sociedade. A economia sofre com a criminalidade nas cidades, o que provoca sangria nos cofres públicos, retirando recursos que poderiam ser investidos em outras áreas, como educação e saúde.

O mercado imobiliário é um dos setores mais sensíveis à violência. Seja em bairros nobres ou em localizações próximas a regiões de tráfico, a insegurança é um problema difícil de resolver e de se conviver. Um levantamento do Sindicato da Habitação (SECOVI) do Rio de Janeiro mostrou que os frequentes episódios de violência na cidade levaram a uma desvalorização dos imóveis em diversas regiões, em especial, a área da Praça Seca, na zona oeste fluminense que, tem registrado confrontos recorrentes entre traficantes e milicianos. Em 2012 existia uma valorização nos bairros de 20%. Dez anos depois, a realidade é outra, com os preços desabando.

A maioria dos moradores não consegue seguir os mesmos passos da jogadora sérvia, que trancou as portas do seu apartamento e voltou para seu país. Diferentemente da atleta, a mudança de endereço se tornou uma grande dificuldade. As pessoas não conseguem comercializar seus imóveis e acabam tendo que conviver com a insegurança diariamente, cada vez mais presos em suas próprias residências.

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Outros centros urbanos vivem a mesma realidade da capital fliuminense. No bairro nobre do Itaim Bibi em São Paulo, onde estão registrados os imóveis mais caros da cidade, com apartamentos vendidos por mais de 90 000 reais o metro quadrado, ocorreu uma alta de quase 25% nos números de furto no bairro de 2022 para 2023. A Secretaria de Segurança Pública do Estado registrou mais de 4500 ocorrências ao longo do ano na região, o que fez com que moradores mudassem seu estilo de vida. Marina Santana, estudante de Direito da mesma idade da jogadora de vôlei servia, 19 anos, evita ao máximo sair de casa, especialmente à noite, quando o bairro fica mais escuro e sem o movimento característico da região. “Para passear com meu cachorro no final do dia, saio sem bijuteria, celular, absolutamente nada. Ainda assim, me distancio apenas dois metros da portaria do prédio.”, relatou a estudante à coluna Real Estate. “Perdi as contas de quantos assaltos levando celulares e relógios aconteceram na minha rua. Por morar em um andar mais baixo, era comum ouvir as exigências dos ladrões pela senha e desbloqueio dos aparelhos. E tem uma delegacia há duas quadras daqui”, completou Marina.

Além da desvalorização dos imóveis, existe um impacto nos preços dos novos imóveis, já que as incorporadoras e condomínios investem alto em sistemas de segurança. O resultado são preços cada vez mais altos nos preços dos apartamentos e nos boletos dos condomínios. Um levantamento realizado pela Cipa, uma das maiores administradoras de condomínios do Rio de Janeiro aponta que, somente no primeiro semestre de 2023, foram investidos cerca de 12,34 milhões de reais em segurança. Dentre as principais contratações estão serviços de vigilância, monitoramento e instalação de câmeras. Os bairros da Zona Oeste concentram 60% desse volume de investimento; já a Zona Sul representa 25% e a Zona Norte, 13%.

A tentativa de blindar os moradores com todo esse aparato é um dos sintomas da crise de segurança em nossas metrópoles. Como se vê, não bastasse viver um dia a dia estressante devido à onda de criminalidade, os brasileiros que moram nas grandes cidades começam a sentir cada vez mais no bolso os efeitos da situação — gastam mais com equipamentos de proteção, enquanto os imóveis correm o risco de perder valor, a depender do número de ocorrências registradas no bairro.

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