Viagens ao Brasil não se recuperam mesmo com redução de custos na pandemia
Barateamento com real em baixa não tem sido suficiente para atrair turistas estrangeiros ao país
Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Serviços expôs uma situação desafiadora para o turismo brasileiro. Mesmo com o barateamento de viagens para o Brasil ao longo dos últimos anos, o fluxo de estrangeiros no país está aquém de antes da pandemia. Apesar do setor estar se recuperando, o número de estrangeiros que vieram ao país até agosto de 2022 representa uma média mensal de 200 mil, o que projeta um resultado anual 50% inferior ao de 2019. O caso se difere da França e dos Estados Unidos, onde a quantidade de turistas estrangeiros ao longo do ano deve voltar ao patamar pré-pandemia ou até excedê-lo.
O fluxo reduzido implica em receitas com turismo inferiores ao obtido em outros anos, numa média mensal de 400 milhões de dólares por mês entre janeiro e maio deste ano, 26% menos que em 2019. Junto a esse dado, observou-se uma queda de 2,4% nos empregos do setor de turismo brasileiro entre fevereiro de 2020, antes da pandemia, e julho de 2022. Vale dizer que a queda apenas entre fevereiro e agosto de 2020, ano de quarentena severa, foi de mais de 19%, ou seja, houve alguma recuperação.
A Confederação Nacional de Serviços aponta um dado contrastante. O custo de uma viagem de estrangeiros ao Brasil tem caído ao longo dos anos, o que em tese deveria auxiliar na retomada. A desvalorização do real perante o dólar é apontada como fator, uma vez que o ano de 2020 foi iniciado com uma cotação de quatro reais e hoje se encontra em cinco reais e trinta centavos. Assim, é apontado que o custo da alimentação de um estrangeiro em viagem no Brasil caiu mais de 20% entre 2015 e 2021. Além disso, foi constatado que, pela primeira vez em ao menos onze anos, uma viagem de Zurique, na Suíça, para o Rio de Janeiro está menos custosa do que uma para Nova Iorque.
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