Varejistas e investidores divergem em expectativas, mostra Itaú BBA
As varejistas brasileiras estão, no geral, mais otimistas com o setor, diante de um cenário econômico local mais benigno
As varejistas brasileiras estão, no geral, mais otimistas com o setor, diante de um cenário econômico local mais benigno, marcado pela queda dos juros, inflação controlada e saudável abertura de postos de trabalho. Mas a mesma visão não é necessariamente compartilhada pelos investidores, que veem o cenário de alto custo de capital pressionando o interesse em aceitar mais risco nesse momento. A conclusão é de consulta realizada pelo Itaú BBA a empresas e investidores participantes do CEO Conference da instituição financeira, realizado em Nova York.
Segundo a pesquisa, na visão das empresas, a tendência de melhora macro deve estimular a demanda e o nível de alavancagem operacional das empresas em 2024, dado o foco da maioria das companhias de preservar rentabilidade e fluxo de caixa nos últimos trimestres. O cenário macro mais benigno e com melhor qualidade de crédito são citados como elementos que ajudaram a melhorar o humor entre as varejistas.
Por outro lado, do ponto de vista dos investidores, não há desejo de dar ao setor o benefício da dúvida nesse momento, ainda diante da frustração com os resultados em 2023, além do alto custo de capital visto no setor e do alto nível de resgates dos fundos locais, que mostra um apetite para o risco ainda limitado.
Na visão do Itaú BBA, uma melhora consistente dos lucros das varejistas “será o catalisador para um re-rating [aumento de preços das ações] do setor”. O banco citou como desafios para o varejo brasileiro a situação no Rio Grande do Sul, que enfrenta problemas graves com alagamentos em várias cidades, e condições climáticas mais severas em diversas regiões do país, como temperaturas acima da média por períodos prolongados.
“Ainda assim, acreditamos que empresas no segmento discricionário devem se beneficiar da retomada do consumo em 2024. Destacamos nomes de vestuário de renda média e empresas cíclicas com exposição a categorias de bens duráveis, como veículos, para aproveitar essa recuperação”, afirma o Itaú BBA, no relatório.