Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Radar Econômico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Pedro Gil (interino)
Análises e bastidores exclusivos sobre o mundo dos negócios e das finanças. Com Diego Gimenes e Felipe Erlich
Continua após publicidade

Safra cede à maioria após série de disputas com Americanas

Banco chegou a cogitar mirar bens pessoais de acionistas de referência, mas foi o último a aderir à proposta

Por Victor Irajá Atualizado em 18 dez 2023, 15h23 - Publicado em 18 dez 2023, 10h31

Certa vez, o escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) presenteou a literatura com a seguinte frase: “Os raios caem sobre os montes mais elevados, e onde encontram mais resistência é onde provocam o maior dano”. Resistente, o Banco Safra foi o último credor relevante da Americanas a ceder aos termos da recuperação judicial da varejista, que se arrasta desde a revelação do descalabro contábil em janeiro passado. Depois de os outros bancões aderirem ao plano de capitalização de 24 bilhões de reais proposto pela empresa e por seus acionistas de referência, o Safra foi o único entre as grandes instituições financeiras a se opor à proposta. Com a adesão, a Americanas conta com mais de 50% dos credores a favor da recuperação judicial.

O Daycoval, o Banco Votorantim, o Itaú Asset Management e o Banco ABC Brasil haviam aderido ao plano na semana passada. Com isso, a proposta da recuperação judicial da varejista deve ser aprovado na assembleia de credores prevista para a terça-feira 19.

Ante o aceite por parte de Bradesco, Santander, Itaú e BTG Pactual, o Safra, com créditos de 2,5 bilhões de reais junto à companhia, havia denunciado tentativas de fraude no acordo por parte da Americanas e pedido a anulação da assembleia de credores marcada para o próximo dia 19. A Justiça negou o pleito. Depois de muito remar contra, o banco cedeu e, no domingo 17, às vésperas do encontro com os demais credores e representantes da empresa, anunciou que acatou aos termos propostos pela Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. O trio entrará com 12 bilhões e a outra metade dos recursos será convertida em ações da varejista para os bancos.

O Safra brigou. No último dia 4 de dezembro, o banco contestou vinte cláusulas do plano de recuperação judicial e cobrou a apresentação de uma nova lista de credores. Entre os questionamentos, o Safra apontou uma suposta diferença de tratamento da Americanas em relação a credores da mesma classe, apontando um “nítido benefício” aos credores do mercado de capitais.

A instituição também havia contestado a proposta da Americanas para que os credores não entrassem na Justiça contra a empresa. Como mostrou o Radar Econômico, o banco cogitou entrar em litígio e mirar os bens pessoais de Lemann, Telles e Sicupira por meio da “desconsideração da personalidade jurídica”. Ainda em janeiro, um duro comunicado do Safra já trazia o tom que seria adotado pelo banco: segundo a instituição, o plano maculava “a manifestação de vontade dos credores de forma perversa”.

Continua após a publicidade

Último resiliente, o Safra não esteve sempre sozinho na briga. No início do imbróglio envolvendo a varejista, o Santander também havia subido o tom contra a empresa — e com razões expressas. Exposto em 3,7 bilhões de reais, em fevereiro, o banco anunciou em seu balanço o provisionamento de 237 milhões de euros — ou 1,4 bilhão de reais à época. Em junho, o banco emitiu uma nota depois do depoimento de Leonardo Coelho, atual CEO da Americanas, alegando a existência de provas de falsificação de documentos de fornecedores, com descontos comerciais inexistentes.

Na ocasião, o Santander afirmou que a fraude contábil era “única e exclusiva” culpa da Americanas. “A própria empresa ressalta os esforços da diretoria anterior para ocultar do mercado a real situação de resultado e patrimonial da companhia. Isso, por si só, comprova taxativamente que a única e exclusiva responsabilidade pelas ‘inconsistências contábeis’ é da Americanas, por intermédio da sua antiga diretoria”, dizia a nota.

Sem resultado prático na resistência e isolado na estratégia, o Safra cedeu à vontade da maioria. E, talvez, tenha evitado danos maiores. Procurado pelo Radar Econômico para explicar as razões da mudança de postura, o Safra não quis se manifestar.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.