Por que os bancos dormem tranquilos com a “perda” de receitas por Pix
Usada como mote por apoiadores do presidente para justificar manifesto de banqueiros, modalidade garante novas frentes para setor
Na mira de bolsonaristas por causa do manifesto da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) em conjunto com a Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, os principais bancos do Brasil dormem tranquilos com a consolidação do Pix como um dos principais meios de pagamentos do país. No primeiro trimestre de 2022, os quatro maiores bancos do Brasil tiveram o maior lucro da história. Juntos, Santander, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil registraram lucro líquido de 24,3 bilhões de reais entre janeiro e março. No ano passado, é verdade, os bancos tiveram 25,4 bilhões em receitas com serviços de conta corrente, queda de 5,7% em relação ao ano anterior — 1,5 bilhão de reais — com as transações. Como mostra o lucro das instituições, o valor, apesar de significativo, não é determinante.
A consolidação do novo sistema de pagamentos virou mote para as instituições oferecerem novos produtos e serviços, como linhas de crédito baseadas exatamente no Pix. O Santander, por exemplo, lançou uma modalidade de parcelamento via a modalidade com taxas de juros de mais de 2% ao mês. Nesta terça-feira, 26, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, associou o manifesto à iniciativa do Banco Central (BC). “O Banco Central independente coloca em prática o Pix, que por ano transferiu mais de 30, 40 bilhões de reais de tarifas que os bancos ganhavam a cada transferência bancária e hoje é de graça”, disse Nogueira. A deputada bolsonarista Carla Zambelli deu coro à cantilena no Twitter.