Política afasta patrocínio de série sobre tributação de Nathalia Arcuri
A fundadora do canal do YouTube e da empresa Me Poupe! lança uma série sobre o peso da carga tributária no dia a dia das famílias
A empreendedora, influenciadora e escritora Nathalia Arcuri lança nesta segunda-feira, dia 12, uma nova minissérie documental que pretende conscientizar sobre os efeitos da carga tributária no dia a dia dos brasileiros. Com cinco episódios que ficarão disponíveis no canal de finanças Me Poupe!, hospedado no YouTube, o conteúdo dos vídeos perpassa os caminhos do dinheiro e das taxas cobradas pelo governo, utilizando como gancho exemplos de itens de necessidade básica para a população, como café, produtos de higiene, energia elétrica, combustível e a carne. A empresa criada por Arcuri investiu mais de 900 mil reais para a produção da minissérie.
A empreendedora revelou, em entrevista a VEJA, que seu objetivo é conscientizar os brasileiros sobre a importância de escolher bem os candidatos nas eleições deste ano — isso, inclusive, teria afastado potenciais patrocinadores para a minissérie. “Foi a primeira vez que a gente não conseguiu um patrocínio para um produto audiovisual nosso por uma questão das marcas que não queriam se vincular a uma pauta política”, diz. “Falar sobre tributação é falar sobre lobby, é mexer em vespeiros que você, como empresa, não necessariamente gostaria de mexer, ou se vincular a um conteúdo que critica a forma de tributação pelo governo”, exemplifica Arcuri, citando que o caráter do conteúdo é “suprapartidário”.
O conteúdo documental, segundo Arcuri, não tem o intuito de “vilanizar” os impostos pagos pelos cidadãos brasileiros, mas, sobretudo, de realçar que os encargos no país não se refletem, necessariamente, em melhorias para a população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o Brasil está entre os 30 países com maior carga tributária no mundo. “O imposto não é o vilão, inclusive nós trazemos exemplos positivos do emprego desses recursos por parte dos governos. Mas o problema é quando não há um retorno para a sociedade”, reitera. “Na verdade, a ideia que está por trás era fazer um chamado para a sociedade porque, no fim, quem está tomando conta do nosso dinheiro são os políticos que a gente elege, não só o presidente, mas também o governador, o deputado federal, o deputado estadual e o senador.”
Arcuri defende, como uma das saídas para o complexo volume de encargos no país, a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que unifique os diversos impostos no país, o que daria maior transparência e facilidade de tributação. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou emplacar o IVA dentro de uma proposta de reforma tributária, uma discussão travada no Congresso. “A gente é levado a acreditar que imposto é só Imposto de Renda, mas isso não é verdade. As pessoas, muitas vezes, não têm noção que pagam 35% de imposto na carne e 42% na energia elétrica. O feijão, item da cesta básica, tem seus tributos estimados em mais de 15%”, diz. “O carro tem IPVA e a gente paga entre 2% e 4%, enquanto embarcações, como jet-ski, lanchas e iates, não têm imposto algum”. Ela ressalta que a alta carga tributária inibe, por exemplo, o empreendedorismo no país.
Serviços financeiros
Além da série, a empresa Me Poupe! prepara-se para lançar sua plataforma de investimentos. Por meio de aplicativo móvel homônimo, a empresa faz, nesse momento, um período de testes com 700 usuários para validar o modus operandi, mas diz que não será apenas mais uma fintech no mercado. “Nós seremos uma finpactech. A gente acredita que o lucro do cliente é o nosso maior indicador de sucesso. Estamos validando o modelo, o produto e a inteligência artificial para sermos mais assertivos nas nossas recomendações.”