Guedes parte para cima do mercado: “Vão errar todas”
"Erraram tanto que estou cético em relação ao pessimismo do mercado no ano que vem”, disse ele ao presidente

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem um trunfo para apresentar ao presidente Jair Bolsonaro sobre o crescimento econômico do país. Para driblar o cenário negativo de juros e inflação nas alturas, dólar sobrevalorizado e a economia como um todo andando de lado, como apontado por VEJA na edição desta semana, o ministro vem tentando tranquilizar o presidente, afirmando que as projeções do mercado estão equivocadas e criticando os analistas do setor privado. “Erraram tanto que eu estou cético em relação ao pessimismo do mercado no ano que vem. Vão errar todas”, disse ele a Bolsonaro, segundo pessoas próximas ao ministro.
Apesar de evitar traduzir as projeções em números, Guedes bate na tecla de que o Brasil vai crescer mais do que países desenvolvidos. A defesa baseia-se na leitura de que os analistas locais erraram as leituras a respeito da economia do país durante a pandemia e de que os analistas internacionais, segundo ele, não percebem o desarranjo das cadeias produtivas no exterior. Guedes defende que as grandes economias crescem baseadas em estímulos artificiais, coisa que não acontece no Brasil, segundo ele, porque o Brasil já retirou os anabolizantes.
Ainda segundo Guedes, é natural que os investidores estejam céticos graças ao cenário de juros e inflação, mas crê que o Auxílio Brasil e os 800 bilhões de reais de investimentos privados já contratados para o ano podem anular as notícias negativas.
Um economista que costuma ser criticado pelo ministro, no entanto, acredita que o erro de projeção que Guedes costuma citar não irá se repetir. “O ministro acha que todo mundo vai errar de novo. Ele age como mestre de cerimônias, animador de auditório. Quer animar o pessoal. Em 2020, o mercado errou mesmo, mas dificilmente esse erro se repetirá este ano”, diz ele, ao avaliar que os modelos de projeção econômica foram surpreendidos pela dinâmica da pandemia. “Em 2022, entretanto, estamos voltando à normalidade. As previsões refletem uma realidade que veio para ficar.” Quem está com a razão, Guedes ou o mercado, o tempo dirá.
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