É preciso deixar discussão ideológica de lado, diz ex-presidente do BNDES
Em entrevista ao Radar Econômico, Dyogo Oliveira defende política de financiamento externo e enseja discussão técnica
Envolto em leituras de viés político, o uso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamento de obras em outros países deveria ter seu debate centrado em critérios técnicos. Essa é a leitura de Dyogo Oliveira, presidente do BNDES durante a gestão de Michel Temer. Em entrevista ao Radar Econômico, Oliveira afirma que as decisões de financiamentos devem favorecer o produtor brasileiro e que o destino dessas obras envolve critérios econômicos, não políticos. “Nossa clientela em potencial é de países em desenvolvimento, não dá pra escapar disso. Temos tamanho econômico e político, relevância no cenário internacional para ter essa discussão. Precisamos fugir da discussão sobre país A ou B”, afirma ele.
Ele afirma que a política de financiamento por meio do Fundo de Garantia de Exportações foi um sucesso para o país. “Foram 730 operações no período 1998 a 2022. Em termos de receita, zero operacional. Há 40 bilhões de reais de patrimônio líquido do fundo, aproximadamente 40 bilhões de dólares em exportações. Quanto a política não gerou de conhecimento, em exportações?”, defende. “A partir de 2018, não tivemos novas receitas e só despesas daqueles que inadimplentes. Estaríamos superavitária se continuássemos com o programa”, afirma ele.
“Estamos indo para uma discussão que foge da técnica. Precisamos tirar da discussão política e levar para as metodologias de análise. O Brasil usa mecanismos da OCDE para firmar os contratos. Precisamos de um programa voltado ao exportador brasileiro e gerar atividade no Brasil”, afirma. “É necessário estruturar um programa que tenha bom índice de adimplência e entender a viabilidade de se dar essas garantias, para que tipo de projeto e riscos”, diz. Ele acredita que políticas de fomento por parte do Banco são necessárias para a consolidação do país no cenário internacional. “Não acredito que o Brasil conseguiria ter uma indústria pujante, participação na exportações de produtos e serviços mais avançados se não tiver um programa de financiamento sólido de exportações”.
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