Como Queiroga na Saúde pode atrapalhar as reformas no Congresso
O discurso dos "remédios fatais" de Lira é resultado de vários ressentimentos recentes do Centrão com Bolsonaro
Quando o presidente Jair Bolsonaro tirou da manga o médico Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde, ficou no ar aquela certeza de que o Centrão foi atingido porque queria a doutora Ludhmila Hajjar. Mas o baque foi sentido mesmo pelo deputado Wellington Roberto, líder do PL na Câmara, aliado de primeiríssima hora do presidente da casa Arthur Lira (PP) e conterrâneo de Queiroga. Fontes muito próximas ao deputado contam que Roberto não gostou nada de ver que de uma hora para outra ganhou um adversário na Paraíba para as eleições ao governo do Estado. Um adversário com holofotes. Se Roberto não gostou, Lira menos ainda, já que além disso tinha na manga o deputado dr. Luizinho (PP) para o cargo de ministro da Saúde.
Mas os ressentimentos não param por aí. Lira também não gostou de ter tido uma indicação barrada para um cargo no Banco do Brasil. Isso significa que o governo anda desagradando demais os principais partidos do Centrão e por tabela o cacique Ciro Nogueira (PP). Há quem diga que os “remédios fatais” do discurso do presidente da Câmara, nesta semana, saíram desses tantos desgastes da relação. Se no discurso ficou no ar a ameaça de impeachment, na prática, o que alguns deputados dizem, é que o governo vai dificultando seu caminho para aprovar as reformas econômicas da forma como gostaria. Resumindo: sobra depois para o ministro Paulo Guedes dar explicações ao mercado.