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Bartunek: ‘Nenhum Banco Central quer pagar para ver uma crise sistêmica’

Em entrevista, o sócio-fundador da Constellation, Florian Bartunek, diz que o sistema financeiro brasileiro passará ileso pela crise dos bancos mundo afora

Por Felipe Mendes Atualizado em 16 mar 2023, 12h55 - Publicado em 16 mar 2023, 12h45

Lenda viva no mundo dos investimentos, o americano Warren Buffett certa vez afirmou que “só quando a maré está baixa é que você descobre quem estava nadando pelado”. A frase foi rememorada, em entrevista ao Radar Econômico, por um dos principais gestores de fundos de ações brasileiros, Florian Bartunek, sócio-fundador e CIO da Constellation Asset Management. Dono de um currículo invejável, já tendo assessorado de George Soros a Jorge Paulo Lemann, Bartunek acredita que a crise dos bancos envolvendo o Credit Suisse e o Silicon Valley Bank (SVB) vai trazer mais equilíbrio e calibragem às taxas de juros praticadas pelos Bancos Centrais mundo afora. Confira os principais trechos da conversa abaixo:

Como o senhor vê a crise que está afetando os bancos mundo afora e adicionando temor aos mercados? A causa disso tudo é uma mudança no regime monetário de juros. O juro era praticamente zero nos países desenvolvidos e, agora, pode chegar a 5%, a 6%. Isso é uma mudança de cenário que tem impacto em alguns setores e pega desprevenido empresas mais alavancadas, como um nível de dívida inadequado para esse cenário de juros mais alto. O Warren Buffett tinha uma frase que é: ‘Quando a maré está baixa que você descobre quem estava nadando pelado”. Eu acho que é isso. Algumas empresas se alavancaram e tomaram mais dívidas em um momento de juro baixo e, agora que os juros subiram e a economia desacelerou, isso começou a causar um impacto em alguns bancos desbalanceados em relação a empréstimos concedidos.

Como deve ser o papel dos Bancos Centrais em relação aos juros? Há um receio dos Bancos Centrais e dos governos que isso acabe respingando em crises sistêmicas. Se você tem uma crise sistêmica, isso pode afetar ainda mais economias. Os Bancos Centrais estão bastante vigilantes e o Fed já mostrou que não está disposto a correr esse risco, onde se tem corrida aos bancos e dúvidas em relação à capacidade de financiamento das companhias, o que pode trazer uma recessão ainda pior, uma crise como potencialmente teve em 2009. Acho que a percepção é de que os Bancos Centrais não estão dispostos a pagar para ver uma crise sistêmica, porque quando deixaram o Lehman Brothers quebrar quase que foi muito mais gente junto. Então, eu acho que o medo do Fed é que a quebra do SVB afete a outro, e assim sucessivamente. Obviamente, há uma questão se isso é bom ou ruim, porque se o Banco Central salva todos os bancos sempre, isso gera incentivos ruins ao sistema, mas a verdade é que ninguém quer ver uma depressão.

Como essa crise afeta o sistema financeiro brasileiro? O problema maior é que o país sofre com essa incerteza. Quando os Estados Unidos têm um resfriado, para o Brasil isso vira uma gripe. Mas, o Brasil está numa situação melhor porque já passou por esse processo de aumento dos juros, enquanto o Fed ainda está nesse momento. Os mercados estão um pouco aflitos, o que é normal diante da incerteza que se tem por aí, mas acho que o Brasil está um pouco mais protegido. Os bancos brasileiros são muito bem capitalizados, muito bem administrados, são muito competentes. Então, é mais um risco de contágio psicológico no curto prazo do que uma crise de médio a longo prazo que possa afetar o mercado brasileiro.

Com a quebra do SVB, as startups vão encontrar maior dificuldade para se capitalizarem no mercado? Eu acho que as startups tiveram um pouco mais de dificuldade porque as taxas de juros aumentaram, a aversão ao risco aumentou e acabou um pouco daquela bolha de que se tinha dinheiro fácil para qualquer um. Mas a função que o SVB tinha, que claramente era importante, será assumida por outros bancos, porque é um negócio rentável e bom. Sempre tem um que assume o lugar.

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