Arcabouço fiscal deve atrasar reforma tributária e sofrer rechaço petista
Apesar de caminhar, reforma cede protagonismo a arcabouço, que deve sofrer ataques estratégicos para parecer mais palatável
Os trabalhos pela reforma tributária caminham a passos de formiga apesar do apoio do Ministério da Fazenda e haver um grupo de trabalho da Câmara dos Deputados dedicado ao tema. Em razão da antecipação do novo arcabouço fiscal do país, apresentado pelo ministro Fernando Haddad antes do prazo que lhe foi concedido, a complexa reforma de tributos sobre o consumo deve atrasar em relação ao que era estimado pela classe política, afirma uma fonte conhecedora da questão. As discussões de parlamentares sobre mudanças de impostos seguem caminhando, inclusive com avanços previstos para a próxima semana, mas a matéria não é prioridade máxima do governo. Nesse sentido, um deputado conta que o grupo de trabalho da reforma deve começar a aplicar o que tem estudado sobre o tema a partir da segunda-feira, 10, fazendo contas e colocando no papel possibilidades concretas de desenhos. “Me preocupa, por exemplo, a questão de quem vai receber o tal cashback. Não deveria ser somente quem está no CadÚnico, mas isso só pode ser definido fazendo contas”, diz. Ou seja, ainda há muito a ser definido.
Além de furar a fila da reforma tributária, o arcabouço fiscal apresentado pela Fazenda também passará por um esforço para repaginar sua imagem no mercado. A regra não tem o desenho dos sonhos dos investidores, uma vez que aumenta o apetite do governo por mais arrecadação. Com isso, afirma uma fonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve lançar mão de estratégia que fez esse segmento não apenas aceitar, mas celebrar a postura de Haddad no ministério. A ala mais radical do Partido dos Trabalhadores, em grande medida representada por Gleisi Hoffmann, deve ser estimulada a atacar o projeto de Haddad, fazendo-o parecer menos à esquerda.
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