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A importância do “aviário” de Lula na visão de ex-ministro da Fazenda

Em entrevista ao Radar Econômico, Rubens Ricupero fez troça com batalhão de tucanos ao lado de petista e alerta sobre desafios para a próxima gestão

Por Felipe Erlich Atualizado em 4 jun 2024, 11h57 - Publicado em 29 set 2022, 12h29

Presente em um evento nesta semana que reuniu intelectuais e políticos em apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero detalhou suas impressões do dia ao Radar Econômico, com direito a certo humor. “Um sujeito me mandou uma mensagem engraçada. Ele disse que na foto do evento parecia que Lula tinha capturado tantos tucanos que até configurava crime ambiental”, conta dando risadas. “Não sou tucano, mas houve um pouco essa impressão”, disse ao se referir ao fato de seis membros do alto escalão dos governos de Fernando Henrique Cardoso estarem presentes, além de uma série de ex-secretários de governos tucanos.

Quanto ao contexto econômico que Lula herdaria de seu antecessor, Jair Bolsonaro, caso sagre-se vitorioso, Ricupero expõe um cenário mais que desafiador. “A situação é muito pior não só que a de 2003, quando ele assumiu, mas também que a de 2019, que o Bolsonaro herdou. A economia global está incomparavelmente pior. Lula pegou a melhor parte do superciclo das commodities. Isso acabou, a maior parte das commodities não está num bom momento e a China deve crescer menos neste ano. Mas Lula está ciente e diz que vai fazer uma reunião com economistas, inclusive com o André Lara Resende, para lidar melhor com esse momento”, diz. Um dos pais do Plano Real, Lara Resende foi um dos notáveis presentes no evento.

Sobre as polêmicas frases de Lula em relação ao teto de gastos, o ex-ministro afirma que o dispositivo teria sido praticamente erradicado durante a gestão do ministro da Economia, Paulo Guedes, com ajuda da Câmara dos Deputados. Ainda sobre as contas públicas, Ricupero conta sua experiência à frente da Fazenda, alertando para o engessamento do orçamento. “Quando me tornei ministro do Itamar Franco, a primeira surpresa que tive foi ver qual era a margem que tínhamos para mexer nos gastos. Era muito pouco, mas naquela época ainda era mais que hoje. Coisa de mais ou menos 10% do orçamento, o resto vinha todo amarrado. Com o orçamento secreto, as emendas do relator, com a obrigatoriedade de cumprimento das emendas parlamentares, hoje a margem é praticamente zero. Por isso vemos o governo Bolsonaro tirando recursos até de programas de alimentação e do Farmácia Popular. Quem for eleito vai ter que negociar muito com o Congresso. Ou seja, Lula precisaria governar com uma base ampla, como ele mesmo admitiu ao escolher o Alckmin como vice”, diz.

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