A apreensão do mercado sobre o futuro do Copom
Próximas indicações de Lula à diretoria do BC tornam Galípolo 'presidente efetivo', diz André Leite, sócio da TAG
Apesar do corte da taxa básica de juros promovido pelo Banco Central (BC), os últimos pregões da B3 não têm performado em alta. O Ibovespa, principal índice do mercado, acumula fechamentos em queda, mas, segundo André Leite, sócio e CIO da TAG Investimentos, o movimento não surpreende. O executivo pontua que a queda logo após cortes de juros é historicamente comum e, além disso, há novos pontos de atenção sendo analisados pelo mercado. “O mercado começou a colocar no preço dos ativos a questão de que, em dezembro, o BC vai ter mais dois novos diretores. Vão sair dois que votaram por uma redução de 0,25 ponto e vão entrar indicados do governo Lula. Então o BC vai ter um presidente de direito, o Campos Neto, e um presidente efetivo, o Galípolo, que já terá a maioria dos votos a seu favor. Isso pode dar problema na visão do mercado, o que se reflete na alta recente do dólar, por exemplo” diz o executivo ao Radar Econômico.
Como frisa Leite, o ciclo de flexibilização da política do Banco Central está dado. Nesse sentido, analistas voltam sua atenção para como o movimento será conduzido. “Agora a questão é se os cortes nos juros serão responsáveis ou irresponsáveis, como no governo Dilma”, diz. O mercado não está precificando uma ruptura na conduta responsável do BC, mas adota uma postura de grande cautela por estar incerto sobre o assunto. O momento é de “otimismo cauteloso” na bolsa brasileira, como pontuado por Leite e demais analistas. “A última ata do Copom sinaliza que ele ainda está vigilante em relação à inflação e restritivo quanto aos juros. Mas a nova composição do Comitê, ao final do ano, rende especulações”, diz.