Marketplace corre atrás de brasileiros sem plano de saúde
Plataforma mira 150 milhões que dependem do SUS
Com longa experiência no mercado financeiro – com passagem, por exemplo, pela Hedging-Griffo (posteriormente Credit Suisse Hedging-Griffo) -, Rubem Ariano está à frente da Filóo Saúde, uma healthtech que mira os brasileiros sem acesso a planos de saúde.
E esse público em potencial é enorme: segundo dados da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), o Brasil tem hoje cerca de 150 milhões de pessoas que dependem quase exclusivamente dos serviços do SUS.
O modelo de negócios escolhido por Ariano foi o de um marketplace para reunir diversos serviços de saúde, como consultas, exames laboratoriais e farmacêutico. Ariano falou com a coluna sobre os planos da sua empresa.
Qual a diferença da sua empresa para outros aplicativos de consultas médicas?
Até o momento, os aplicativos mais comuns são os que possuem sua própria rede de atendimento médico. Já outros funcionam como uma lista de especialistas, onde é possível encontrar nome, especialidade e os contatos. A partir dessas informações, a pessoa liga e marca sua consulta, mas sem o benefício dos descontos. Na Filóo, por se tratar de um marketplace “puro”, ou seja, sem a necessidade de se pagar para se cadastrar e sem termos vínculo exclusivo com determinada rede de clínicas ou de laboratórios, o cliente tem a possibilidade de verificar na nossa rede de parceiros o que melhor se adequa à sua necessidade, facilitando o acesso a consultas com especialistas, exames e medicamentos com descontos que chegam a 85%.
Como a empresa se mantém? Ou seja, como ela se paga e tira seu lucro?
O modelo de negócio da Filóo Saúde gera receita sempre que há uma transação, como a realização de uma consulta com agendamento feito pela plataforma, e através das mensalidades das assinaturas dos clientes que contratam serviços adicionais de nossos parceiros externos, como os de telemedicina, em parceria com o Einstein Conecta, o auxílio psicológico por telefone, entre outros. A Filóo faz parte do movimento de mudança de cultura da população, visando a prevenção com foco no cuidado em saúde, e não tratar somente a doença. Com esse novo comportamento, em expansão no Brasil, a Filóo Saúde deve fechar o próximo ano com mais de meio milhão de pessoas em sua base.
Se esse mercado crescer, vai tirar receita de quem: dos planos de saúde, dos hospitais?
Claro que ele pode, como uma alternativa, mudar a forma de se acessar saúde e, assim, ter algum impacto em partes do sistema de saúde. Mas, na verdade, ele é principalmente complementar e sinérgico aos de planos de saúde, hospitais, redes de farmácias e seguradoras.
Acredita que o modelo atual dos planos de saúde ficou defasado?
Importante destacar que a Filóo não é um plano de saúde e não concorre com eles. Nossa healthtech é uma alternativa que proporciona acesso ao cuidado com a saúde a baixo custo. Ao mesmo tempo, os planos de saúde vêm se modernizando e procurando formas de otimizar seus recursos. Na prática, nós ajudamos tanto a diminuir a fila no SUS – já que se tratam de clientes que dependiam exclusivamente do serviço público e que perceberam que têm condições de realizar consultas e exames com descontos através da Filóo – quanto somos alternativa complementar e sinérgica às operações dos planos de saúde e também de redes de farmácias, hospitais e seguradoras.
Qual o foco da empresa?
O Brasil tem hoje 49,7 milhões de beneficiários de planos de saúde. Ou seja, 74,33% das pessoas dependem do SUS, segundo os dados mais recentes da ANS. Sendo assim, o Brasil tem atualmente mais de 150 milhões de pessoas sem cobertura de plano de saúde, que são o principal público-alvo da nossa empresa.
Como atuamos com foco na atenção primária, onde estão entre 80% e 90% das necessidades de saúde ao longo da vida dos brasileiros, para as pessoas que deixaram de pagar os planos de saúde os nossos serviços possibilitam o acesso a uma grande parte dos casos, funcionando como a “porta de entrada” do cliente aos cuidados médicos. Ou seja, a Filóo existe para atender a essas pessoas que não podem pagar um plano de saúde para o atendimento com um especialista, mas possuem renda que permite pagar por serviços particulares de qualidade, como uma alternativa ao atendimento do SUS.