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Negócios, Mercados & Cia
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FGTS: o que está em jogo na correção das contas pela inflação

STF abre polêmica entre os que defendem a manutenção do poder de compra do fundo e aqueles que veem prejuízos para o setor imobiliário, com aumento de juros

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 nov 2023, 18h49 - Publicado em 13 nov 2023, 08h00

Em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do colegiado, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu que a correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não deve ser inferior ao rendimento pago pela caderneta de poupança. Pela proposta de Barroso, que é o relator do caso, a mudança seria aplicada a partir de 2025. O voto gerou discussões sobre as vantagens e desvantagens da medida nos setores público e privado, principalmente no caso dos que se beneficiam dos funding subsidiados como as construtoras e incorporadoras e a Caixa Econômica Federal.

O FGTS é um fundo mantido em nome do trabalhador formal (com carteira assinada) para o qual o empregador tem de transferir mensalmente uma porcentagem do salário bruto do funcionário. Hoje, o retorno do FGTS é de 3% ao ano mais a TR (que tem ficado próxima de zero).

Independentemente da discussão sobre se caberia ou não ao STF mexer com essa questão, em vez do Legislativo, é preciso avaliar a argumentação de quem defende e de quem considera a medida prejudicial a médio e longo prazos para o setor habitacional. O principal argumento dos defensores da mudança na forma de correção é que o FGTS tem ficado abaixo da inflação, deixando de repor as perdas do trabalhador. Esse grupo aponta ainda:

  • Manutenção do poder de compra: a correção inflacionária manteria o valor real do dinheiro, evitando a desvalorização do seu poder de compra ao longo do tempo;
  • Equilíbrio contratual: a correção inflacionária pode ser usada para manter o equilíbrio contratual em contratos de longo prazo como financiamentos imobiliários; e
  • Neutralidade fiscal: a correção inflacionária pode evitar que a tributaçãoincida sobre valores que não representam ganhos reais.

Por outro lado, os críticos também não economizam nas explicações. “É ruim de toda forma, pois ficou no meio termo com a possibilidade de correção sugerida pelo Barroso”, afirma um grande empresário do setor. “Vai impactar toda a cadeia de imóveis para a maioria dos brasileiros. Perderão o setor privado, o governo e também a Caixa, além dos próprios trabalhadores”, afirma outro empresário.

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A explicação é que o aumento da remuneração dos cotistas do FGTS vai implicar, necessariamente, aumento nas taxas de juros dos financiamentos imobiliários que usam recursos (funding) do próprio FGTS. No orçamento deste ano, o fundo reservou mais de R$ 68 bilhões para operações do setor. Haveria impacto direto nos contratos mantidos pela Caixa que atrelam o custo do financiamento à correção do FGTS. O governo já ligou o sinal de alerta, e tenta costurar uma outra saída para o tema – que também cruza o interesse político de parlamentares e sindicatos.

Outras desvantagens apontadas pelos críticos:

  • Custo: a correção inflacionária pode aumentar o custo de alguns produtos e serviços, já que os preços precisam ser atualizados;
  • Complexidade: a correção inflacionária deverá ser complexa de calcular e implementar, em especial nos contratos de longo prazo; e
  • Impacto na economia: a correção inflacionária pode ter impacto na economia como um todo, afetando a inflação e a taxa de juros.

Está em jogo a redefinição se o FGTS vira uma espécie de investimento como a poupança; ou se continua – como a própria nomenclatura define – um fundo garantidor para o trabalhador formal. A sorte está lançada para a maioria dos brasileiros desejosos pelo financiamento da casa própria.

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