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Negócios, Mercados & Cia
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Episódio trágico com estagiário gera discussão na Faria Lima e no Leblon

Áudios colocam em xeque a meritocracia nas empresas

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 ago 2022, 13h45

Mensagens de textos e gravações de áudio incendiaram nos últimas dias as conversas de executivos no eixo Faria LimaLeblon. Tratam de um trágico episódio: no fim da tarde do dia 11 passado, um estagiário de um dos principais grupos de advocacia com sede em São Paulo se atirou do sétimo andar do edifício onde trabalhava. Pelos relatos conhecidos, o jovem, de 19 anos, estaria sofrendo forte pressão para cumprir o prazo dado para determinada tarefa, o que o levou a acumular nos três dias anteriores uma jornada de trabalho muito acima das seis horas regimentais.

Em um desses áudios, uma das principais sócias da empresa de advocacia se oferece para acalmar os ânimos dos seus pares: “Desde o começo, procuramos ser o mais transparente possível – não vamos escrever isso no comunicado –, mas queremos levar a vocês todos os fatos”, afirmou ela, na conversa que acabou vazando para o mercado. “Em relação ao nosso ambiente, é um ambiente de alta exigência. Todos nós sabemos disso. É um ambiente de bastante trabalho. Um rapaz, jovem, de 19 anos, certamente sentiu essa pressão. Mas, de qualquer forma, me sinto tranquila para afirmar que não havia nenhuma excepcionalidade que saísse do nosso controle na normalidade do escritório.”

O comunicado oficial distribuído aos funcionários ganhou outro contexto: “Informamos que, no final da tarde deste 11 de agosto, ocorreu um incidente com um dos nossos estagiários em São Paulo. Imediatamente, o socorro foi acionado, e ele foi hospitalizado, consciente, para receber o atendimento médico necessário. Ele encontra-se estável. O escritório está acolhendo e dando todo o suporte à família e tomando todas as providências e cuidados necessários”.

O episódio acabou suscitando intenso debate nos grupos de mensagens de advogados de outros escritórios. “A soberba dos sócios (da empresa onde trabalha o estagiário) impressiona, pois sequer houve a preocupação em avaliar o que está errado no dia a dia de trabalho do grupo”, afirmou à coluna um renomado criminalista. Banqueiros da Faria Lima e do Leblon, o centro financeiro do País, também entraram nas discussões. Até porque a realidade hoje em bancos, gestoras de ativos e butiques de fusões e aquisições não é muito diferente, com estagiários, trainees e analistas tendo de trabalhar entre 10 e 15 horas por dia (fins de semana inclusos).

Num país com índices elevados de desemprego, pode parecer loucura reclamar de trabalho – qualquer trabalho. Mas o que o episódio desnudou foi o que está por trás do ambiente funcional em escritórios de advocacia que lidam com causas milionárias e casas financeiras: o princípio da meritocracia, pelo qual você vale o que você produz e gera de lucro. Quem conhece os bastidores do mercado sabe que a quantidade de horas trabalhadas costuma ser um critério usado para a avaliação de desempenho dos profissionais, e que define se ele será promovido ou o valor do bônus no fim do ano. E quem deveria controlar isso – como as áreas de recursos humanos das empresas, sindicatos de trabalhadores e órgãos federais como o Ministério do Trabalho – tem mantido os olhos fechados.

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