Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

Cada qual no seu quadrado

O conflito institucional vai prosseguir

Por Murillo de Aragão Atualizado em 9 Maio 2024, 18h40 - Publicado em 10 dez 2023, 08h00

A recente sucessão de eventos envolvendo o Poder Judiciário, que tem gerado atritos entre os altos escalões da República, está imersa em uma complexa teia de interesses e consequências no cenário político. Cada movimento teve um propósito específico, agradando a uns e desagradando a outros, e permitiu diversas interpretações. A aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que restringe as decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF) provocou um grande descontentamento entre os ministros da Corte e foi interpretada como um gesto do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-­MG), em favor da ala bolsonarista da casa.

No entanto, a proposta angariou apoio para além do bolsonarismo. Os conflitos entre os poderes no Brasil têm sido marcados por questões controversas e tensões institucionais. Durante o governo passado, foram frequentes as tentativas de minar a credibilidade do STF e do Tribunal Superior Eleitoral, resultando em desrespeito a decisões judiciais e até atos de vandalismo. Na administração atual, as discordâncias, principalmente entre o Legislativo e o STF, intensificaram-se, com acusações mútuas de ultrapassar limites de competência e negligências no processo legislativo.

Há, de fato, um ressentimento significativo no mundo político contra o Supremo devido ao seu ativismo em questões políticas, além do descontentamento com a complacência das cortes superiores em relação aos excessos da Operação Lava-Jato no passado. Questões como a demarcação de terras indígenas, políticas sobre aborto, contribuição sindical obrigatória e a proposta de limitar o tempo de serviço dos ministros do STF podem servir como combustível para esses conflitos. Além disso, a proposta de emenda constitucional que permitiria ao Congresso anular ou modificar decisões do Supremo é vista como uma retaliação do Legislativo. Outros temas, como o controle de armas e o papel das Forças Armadas, também representam potenciais áreas de disputa.

“A solução dos impasses depende significativamente da habilidade dos líderes dos poderes em alcançar o entendimento”

É importante lembrar que o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, terá um papel fundamental na mediação dessas questões e na pacificação dos ânimos. Ele próprio, logo após assumir como ministro da Corte, criticou o ativismo judicial e defendeu a harmonia entre os três poderes com a máxima “cada um no seu quadrado”. Uma questão fundamental, porém, paira sobre as circunstâncias: qual é a definição exata de cada “quadrado” institucional?

Continua após a publicidade

Os limites entre as instituições no Brasil ainda não estão claramente demarcados. Anteriormente, vivíamos sob um hiperpresidencialismo que, com o tempo, perdeu força e foi contido pelo Poder Legislativo. O Judiciário, especialmente desde a ascensão do ministro Barroso ao STF, adquiriu um papel mais proeminente, decidindo, muitas vezes instigado por políticos e pelas circunstâncias, questões com amplas e delicadas implicações políticas. A curto prazo, não parece haver uma solução para as disputas institucionais entre os poderes no Brasil. Isso se deve, em grande parte, à tolerância da sociedade civil frente aos excessos cometidos pelas diversas esferas de poder.

Portanto, a solução dos impasses depende significativamente da habilidade dos líderes dos poderes em alcançar um entendimento mútuo e do discernimento da sociedade civil em se manifestar civicamente a favor do equilíbrio institucional. Ambas as condições não parecem postas.

Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2023, edição nº 2871

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.