Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

A conta política em 2024

Ela tende a aumentar se cair a popularidade do governo

Por Murillo de Aragão Atualizado em 9 Maio 2024, 18h27 - Publicado em 17 dez 2023, 08h00

Volto a tratar da teoria do custo e da inflação política, destacando a sua natureza transacional. Apoios, movimentos ou ações em favor de alguém geralmente exigem retribuições aos envolvidos na transação, como cargos, verbas e programas do governo. Essa troca implica a existência de crédito político e a capacidade de cumprir com o que foi acertado. Credibilidade é honrar acordos com contrapartidas equilibradas, sem prejudicar o político ou o governo.

Em um cenário adequado, ideias, programas, narrativas e ideologias deveriam prevalecer, mas a realidade política é frequentemente movida por interesses, desconsiderando a ética que sugere um processo baseado apenas em valores e ideais. Mas não funciona assim, sobretudo em um ambiente politicamente fragmentado.

A teoria do custo econômico diferencia valores explícitos (tangíveis e diretos) dos implícitos (perdas de oportunidades, gasto de energia etc.). Similarmente, na teoria que proponho, existem custos explícitos e implícitos. Os primeiros incluem a alocação de recursos e a oferta de vagas na administração pública, enquanto para o político são os benefícios recebidos pelo seu apoio. Os custos implícitos estão ligados ao desgaste de imagem, tanto para o governo, ao ceder verbas e espaços, quanto para o político, ao apoiar propostas polêmicas ou impopulares.

A agenda do próximo ano é politicamente inflacionária no sentido de que vão custar caro os apoios necessários para gerenciar temas complexos. Especialmente se houver um declínio na popularidade do governo.

Continua após a publicidade

“O tema mais desafiador será o início do debate sobre as trocas de comando do Congresso”

A pauta política do novo ano é complexa: cumprir a meta fiscal, progredir nas regulamentações da reforma tributária, aumentar a arrecadação, enfrentar questões ambientais, navegar em um mundo turbulento e ainda lidar com as eleições municipais. Sabe-se que aliados vão se enfrentar nas urnas. Integrantes do governo já estão em disputa por causa da corrida eleitoral e é desafiador atender a todas as demandas.

Teremos ainda a escolha do novo presidente do Banco Central, com potencial impacto nas projeções econômicas e do mercado financeiro. Uma escolha infeliz pode agravar as expectativas relacionadas à economia do país e afetar o ânimo de investidores. Lembrando que já em 2023 tivemos um fluxo relativamente baixo de investimentos diretos estrangeiros por causa de incertezas sobre a política econômica.

Continua após a publicidade

Porém, o tema mais desafiador será o início do debate sobre as trocas de comando do Congresso. A sucessão, que ocorrerá em fevereiro de 2025, já está em curso com articulações de bastidores que serão intensificadas ao longo do ano. A disputa se revela crítica para o governo, pois os novos líderes do Parlamento vão controlar a agenda legislativa nos últimos dois anos do governo Lula.

Apesar dos acordos e cooptação de apoios no Legislativo, nem a base nem a coordenação política são estáveis o suficiente para assegurar tranquilidade ao presidente. Caso consiga domar os conflitos de aliados, executar os acordos e ter um bom desempenho na economia, Lula terá um grande ano. Não será fácil. Até mesmo pelo fato de que os movimentos de 2024 anteciparão o debate sobre 2026.

Publicado em VEJA de 15 de dezembro de 2023, edição nº 2872

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.