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Por Marcos Fava Neves
De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio
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Dinâmica de preços dos produtos do agro

Entenda como funcionam os diferentes mercados e a relevância da gestão no negócio rural

Por Marcos Fava Neves
Atualizado em 2 fev 2024, 10h02 - Publicado em 2 fev 2024, 10h01

Quando nos deparamos com os produtos alinhados nas prateleiras do supermercado, dificilmente refletimos sobre a complexa jornada que cada item percorreu desde a sua origem no solo cultivado pelos agricultores. Por trás de cada produto há uma complexa rede de fluxos e atividades que influenciam não apenas o que pagamos como consumidores, mas também o que os agricultores recebem pelos esforços.

Os produtores agrícolas enfrentam uma série de desafios que impactam diretamente sua capacidade de produzir alimentos de maneira eficiente e rentável, um deles é o preço. Considerando que a produção agropecuária (vegetal ou animal) é a base para a produção de alimentos e para fornecimento de matérias-primas a muitos outros setores, ela está totalmente exposta a variações da oferta e demanda destes produtos.

No caso das commodities, que são produtos de origem primária, não industrializados e negociados globalmente, os preços variam constantemente, a depender da oferta em países produtores, da demanda nos principais consumidores, de fatores geopolíticos (guerras, acordos, restrições e outros), de impactos na cadeia de suprimentos (logística e distribuição) e muitos outros fatores. Um único evento é capaz de alterar significativamente os preços ainda mais num momento onde notícias espalham-se rapidamente.

Um exemplo muito interessante é o do suco de laranja. Uma vez que o Brasil é o principal produtor global da fruta, anualmente, quando ocorre o evento do PES (Pesquisa de Estimativa de Safra) do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), que é transmitido para 26 países (2023) simultaneamente, divulgando como será a produção brasileira naquele ano, os mercados se alteram instantaneamente. Em 2023, por exemplo, após anúncio de uma safra um pouco superior a que era esperada pelo mercado, os preços do suco na bolsa de Nova York caíram 9,0% até o dia seguinte.

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Outro exemplo bastante dinâmico é o da soja e do milho. Imagine que uma safra abundante no Brasil irá aumentar a oferta global desses produtos, resultando em preços mais baixos. No entanto, se ao longo do ciclo ocorrerem eventos climáticos adversos (secas, excesso de chuvas ou geadas), a oferta cai e os preços crescem imediatamente. É claro que isso não ocorre de forma isolada (apenas o Brasil), o balanço é feito para todos os países produtores/consumidores e a conta ao final é que guia o comportamento dos mercados.

Além da oferta e demanda física, o agro também envolve a negociação de contratos de compra “presentes” e “futuras”. Os contratos de compra “presentes”, como o próprio nome sugere, envolvem a entrega imediata do produto físico, enquanto os contratos de compra “futuras” envolvem a entrega em uma data específica no futuro. Esses mecanismos são utilizados para mitigar o risco de variações nos preços ao permitir que os produtores “travem” os preços de venda de seus produtos, assegurando uma previsibilidade em sua renda, ao mesmo tempo em que a empresa compradora prevê o volume a receber, bem como os custos da operação.

Esses contratos podem ser negociados em bolsas de commodities, mercados organizados e regulamentados. Para cada commodity, existe uma bolsa mais comumente utilizada para nortear os preços. Alguns exemplos de produtos importantes para o agro brasileiro: para a soja e o milho, a referência é a bolsa de Chicago (CBOT); no algodão, a usual é a de Nova Iorque (NYSE); e no açúcar, as referências são as bolsas de Nova York (NYBOT) e a de Londres (LSE).

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No caso de produtos que não são commodities, como os hortícolas e frutas, as negociações acontecem nas praças de distribuição como o CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) ou os Ceasas (Centrais de Abastecimento). Nesse caso, os preços praticados servem de referência para os agricultores em muitas regiões. Outro exemplo interessante é o da cadeia de ornamentais (flores, folhagens e outras), onde a negociação é feita via leilão por lotes individuais. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre o Veiling de Holambra, como caso modelo no Brasil: veiling.com.br

Obter sucesso com negócio agrícola não trata apenas de produzir com qualidade e eficiência. É preciso estar constantemente atento as variáveis que impactam o mercado de atuação para aproveitar oportunidades (momentos de alta) ou prever risco (baixas). Mais do que nunca, a profissionalização do elo produtor, por meio de gestão e planejamento, se faz essencial. Conquista-se margens e expandem-se os resultados.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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