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Por Marcos Fava Neves
De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio
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As grandes tendências para o agro em 2024

Entenda quais são as variáveis que podem impactar a produção de alimentos esse ano

Por Marcos Fava Neves
26 jan 2024, 09h33

Em um mundo onde o alimento é uma necessidade básica, entender as forças que implicam em variações em sua oferta é essencial para todos nós. À medida que entramos em mais um ano desafiador para a produção agro, o planejamento e a visão holística das cadeias produtivas se intensificam como pontos essenciais para as empresas e organizações do setor. Ao entendermos as tendências para o agronegócio, podemos nos preparar para as mudanças que podem impactar a acessibilidade e o custo dos produtos agrícolas.

No âmbito global, os impactos geopolíticos e econômicos exercem uma influência significativa no setor agrícola. Os conflitos entre Rússia e Ucrânia, Israel e o Hamas e os novos eventos no Oriente Médio têm causado grandes preocupações no que tange a produção de alimentos, os custos de produção (preço do petróleo) e distúrbios nas cadeias de suprimentos (navios sendo atacados no Mar Vermelho). Além disso, quase metade dos países do planeta realizarão suas eleições em 2024, a exemplo dos Estados Unidos, no Parlamento Europeu, na Índia, México e muitos outros. E qual a importância destas eleições para o agro? Apenas os dois primeiros listados constituem quase 20% de toda a receita das exportações do setor em 2023.

O crescimento econômico global é outro aspecto de destaque: o PIB (Produto Interno Bruto) do planeta deve crescer menos no ano de 2024 (2,7%) quando comparado ao período anterior (2,9%), segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e, no cenário nacional, um crescimento esperado ao redor de 1,6%, segundo o Banco Central. Estes indicadores podem afetar diretamente o câmbio, lembrando que o Brasil importa boa parte dos insumos para produção agrícola (custos) e exportamos boa parte da produção (renda). Felizmente, o consumo de alimentos é um dos últimos a serem “cortados” da lista quando há necessidade de restrição de gastos.

Talvez o mais relevante tópico para o agro brasileiro seja o clima. Apesar dos grandes resultados das últimas safras, o setor foi impactado de diversas formas nos últimos anos. Na safra em andamento (2023/24), acumulam-se as perspectivas de baixa na estimativa de produção, principalmente de soja e milho. Em 2024, as previsões indicam a continuidade do fenômeno El Niño no primeiro semestre, causando secas no Norte, altas temperaturas no Centro-Oeste e muita chuva no Sul; e uma provável transição para o La Niña a partir de julho ou agosto, trazendo chuvas ao Norte, possibilidade de menos chuvas no Centro-Oeste e secas e frio no Sul no Brasil.

Por outro lado, o Brasil pode despontar como uma solução para o problema climático global por ser um dos líderes no cenário de transição energética, oferecendo soluções sustentáveis como etanol, biodiesel, biogás, biometano, bioquerosene, entre outros produtos.

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No campo, o mercado de biológicos, bioinsumos e alternativas aos insumos tradicionais ganha força. O uso de bioinsumos, por exemplo, é uma importante alternativa para a mitigação dos gases de efeito estufa, além de se enquadrar como “carbon friendly“, colaborando com o mercado de carbono. Estes produtos e/ou inovações se apresentam diante de um contexto cada vez mais desafiador no que tange a custos de produção e busca de margens. Estamos na era da agricultura regenerativa.

No mercado de grãos, que vem sendo fortemente afetado pelas interferências climáticas, a imprevisibilidade permanece. Neste ano, é essencial seguir a ótica de “ficar melhor antes de ficar maior”, trabalhando os recursos financeiros, tecnológicos e humanos de forma bastante cuidadosa. Já para o mercado de carnes, o cenário tende a ser positivo, com maior consumo fortalecendo o mercado interno e exportações em alta. Outras cadeias como a da cana-de-açúcar, dos citros e do café devem encontrar um ambiente semelhante a 2023, com demanda de seus produtos nos mercados internacionais e os bons preços.

Embora 2024 possa ser um ano desafiador para alguns setores do agro, a visão de médio e longo prazo deve ser recordada, lembrando das perspectivas de crescimento na demanda que temos a frente. E o cenário é tão promissor que acredito que este pode ser um dos anos mais marcantes quanto a investimentos internacionais no Brasil, especialmente no agro, já pensando no futuro próximo. As oportunidades são muitas, basta termos resiliência, responsabilidade e trabalho para seguirmos entregando grandes resultados.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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