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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Recessão global no horizonte

O Brasil dificilmente escapará de seus efeitos

Por Maílson da Nóbrega 17 jul 2022, 08h00

A percepção de piora da economia mundial cresceu recentemente quando o euro foi cotado abaixo de 1 dólar, fato não visto desde 2002. O gatilho foram os sinais de risco de recessão na Alemanha, com potencial de contagiar os demais países europeus. Os Estados Unidos podem enfrentar a mesma situação.

Na origem desse processo está a pandemia de Covid-19. O fechamento prolongado da economia de países asiáticos afetou a cadeia mundial de suprimentos. Partes, peças e componentes — especialmente os eletrônicos — escassearam no mundo inteiro, reduzindo a produção de bens manufaturados ao redor do globo.

Concomitantemente, as medidas destinadas a deter a disseminação do vírus diminuíram o consumo de serviços, em especial os que exigem contato pessoal. O turismo despencou. A poupança pessoal se elevou. Parte desses recursos foi utilizada na compra de bens de consumo duráveis, aumentando sua demanda de forma que o sistema de transporte marítimo e os portos em países ricos ficaram congestionados. O frete multiplicou-se por cinco.

Com o correspondente aumento de custos, a inflação subiu. A pandemia fez cair a atividade econômica, obrigando a maioria dos países a criar programas de amparo aos segmentos menos favorecidos, entre eles medidas para minimizar a queda do emprego. Os bancos centrais cortaram a taxa de juros e aumentaram a liquidez da economia. No Brasil, a taxa Selic caiu a inéditos 2%.

“Diante do aumento dos juros, há quem estime em 40% a possibilidade de recessão nos Estados Unidos”

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Muitas nações elevaram também o dispêndio público em infraestrutura. Ao todo, os Estados Unidos devem gastar mais de 6 trilhões de dólares, o equivalente a 30% do PIB. Foi possível evitar as piores consequências econômicas e sociais da pandemia, mas o efeito combinado do aumento de custos e das ações monetárias e fiscais — processo potencializado com a guerra da Ucrânia — resultou na volta de uma inflação que não se via fazia muito tempo. É a maior dos últimos quarenta anos nas nações avançadas. A reação dos bancos centrais, a começar pelo Federal Reserve americano, foi aumentar a taxa de juros, o que deve continuar nos próximos meses. Diante desse quadro, há quem estime em 40% a possibilidade de recessão nos Estados Unidos. Há apostas mais pessimistas. Na Europa, mais perto do conflito na Ucrânia e mais dependente do fornecimento de gás pela Rússia, as previsões são mais sombrias.

No Brasil, os efeitos dessa crise devem-se dar de duas formas. Primeira, pelas incertezas, que reduzirão os investimentos estrangeiros em empresas e no mercado financeiro. Segunda, pela queda das exportações e dos preços de produtos exportáveis. Isso acarretará perda dos termos de troca e do potencial de crescimento da economia. O dólar ficará mais caro, impactando a inflação e a atividade econômica. Provavelmente, haverá queda do ritmo da economia neste semestre e no próximo ano.

A economia brasileira tem-se mostrado resiliente, mas dificilmente escapará dos efeitos de uma recessão mundial. O próximo governo não terá vida fácil.

Publicado em VEJA de 20 de julho de 2022, edição nº 2798

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