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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Menos de um ano

É crucial renovar a liderança do país em outubro

Por Maílson da Nóbrega 16 jan 2022, 08h00

Em menos de um ano, poderemos estar livres do pior desastre político de nossa história, se as eleições presidenciais encerrarem o infeliz governo Bolsonaro. Terão sido quatro anos de má gestão, tensões institucionais e baixo crescimento. Antes de sua vitória, em 2018, seu passado de parlamentar irrelevante e corporativista já sinalizava maus augúrios. O programa de governo, cheio de ideias desconexas, parecia um trabalho estudantil.

Bolsonaro elogiou notórios torturadores. Defendeu o regime militar e o fuzilamento de Fernando Henrique Cardoso. Surpreendentemente, ele soube explorar o sentimento antipolítica de então, que decorria da corrupção dos governos do PT e dos desatinos do período da presidente Dilma Rousseff. Os otimistas diziam que ele abandonaria a ingênua ideia de governar com o apoio de frentes parlamentares e da “nova política”, seja lá o que isso significasse. Desapareceria o toma lá dá cá da “velha política”, tida como associada a corrupção e a negociações subterrâneas no Congresso.

Eleitores mais confiantes diziam que os arroubos da campanha se curvariam ao controle dos ministros militares. A governabilidade e a aprovação da agenda de reformas se viabilizariam pela formação de uma base parlamentar coesa e majoritária. O presidente exerceria o papel de coordenador do jogo político, como definido pelo cientista político Carlos Pereira. Nada disso aconteceu. Bolsonaro confirmaria o despreparo para o cargo e instintos autoritários.

“Nada aconteceu. Bolsonaro confirmou o despreparo para o cargo e instintos autoritários”

A pandemia de Covid-19 revelaria um líder negacionista, antivacina e difusor do ineficaz combate precoce à doença. Buscou induzir a população a expor-se ao vírus, chamando de maricas os que aderiam ao distanciamento social, evitavam aglomerações e usavam máscara. Ao afirmar que todos iriam morrer algum dia, parecia justificar uma estratégia para acelerar a imunidade de rebanho e a liberação das atividades econômicas, mesmo que à custa de mais mortes. Desse modo, seriam removidas as restrições à mobilidade, que ele julgava prejudiciais ao seu projeto de reeleição.

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Os menos informados sobre as complexidades do governo se entusiasmaram com as propostas ousadas do ministro da Economia, Paulo Guedes. Confiavam em suas credenciais acadêmicas e no discurso sobre reformas, as quais, afirmava, teriam malogrado por incompetência de governos social-democratas. Agora sim, veríamos o advento de um programa efetivamente liberal: ampla privatização, abertura da economia, encolhimento do Estado obeso, e por aí afora. A realidade revelaria um enorme fracasso. Bons legados — a reforma da Previdência, a autonomia do Banco Central e novos marcos regulatórios — foram ofuscados pela irresponsável PEC dos Precatórios e pela destruição da âncora fiscal, que resultaram em taxas de juros mais altas e menor atividade econômica.

Que os votos a favor de Bolsonaro em outubro se limitem basicamente ao seu eleitorado raiz, estimado pelo Datafolha em 11% do total.

Publicado em VEJA de 19 de janeiro de 2022, edição nº 2772

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