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Maílson da Nóbrega

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Ideia bizarra: barreiras à saída de jogadores de futebol

A proposta inibiria a exploração de melhores oportunidades por jogadores talentosos. Seria um subsidio para expectadores brasileiros

Por Maílson da Nóbrega 18 jun 2018, 12h09

Um conhecido conceito econômico, o de barreiras à entrada, descreve a dificuldade de uma empresa entrar em um determinado mercado, por fatores que lhe retiram competitividade. Por exemplo, quem opera em larga escala pode reduzir custos e inibir o ingresso de um competidor. Há vários outros fatores que explicam essa realidade.

Barreiras à entrada não impedem o ingresso do concorrente. Apenas a dificultam. É difícil ou impossível reduzir custos para enfrentar, com preços melhores, uma ou mais empresas já estabelecidas. As que operam sob concessão estão protegidas da entrada de um concorrente para explorar o mesmo serviço: estrada, ferrovia, telecomunicações, etc.

Barreiras à entrada têm sua lógica econômica. Nos estágios iniciais da industrialização, é correto proteger empresas da concorrência externa. Na concessão de serviços públicos, o concessionário fica protegido da entrada de um concorrente, mas se submete à regulação, que busca conciliar os interesses dos consumidores e da sociedade com os do capitalista.

Agora, surgiu uma ideia oposta: barreiras à saída. Valeria para jogadores de futebol atraídos por clubes no exterior. O autor é Flavio de Campos, historiador da USP, em entrevista nesta segunda-feira, 18, a Sonia Racy, no Estadão. Porque o “futebol se tornou um componente importante da vida coletiva”, ele defende a tributação “para valer” da transferência de atletas jovens. A saída não seria proibida; apenas dificultada.

A tributação seria “pesada” na venda de atletas de 17 a 20 anos, diminuindo até zerar, diz, de 23 a 24 anos. Para ele, se Pelé tivesse emigrado o Santos não teria sido o que foi. E lamenta que craques que atuam no exterior não sejam lembrados como os Rivelinos, Gersons, Falcões, Zicos e outros. Por aí, Gabriel Jesus ainda estaria no Palmeiras.

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A proposta equivale a tributar o talento e impedir que jogadores possam explorar oportunidades no exterior para ganhar mais e aperfeiçoar-se. É difícil aceitar tamanha interferência do Estado na vida de seres humanos. Na verdade, a saída ocorre porque os clubes criaram condições para atraí-los. Eles não são culpados da desorganização e da corrupção no futebol brasileiro, que inibe a repetição do êxito observado no exterior.

O professor imagina que sua ideia prejudicaria os compradores, pois eles seriam, na sua opinião, os grandes beneficiários das transações. Na verdade, o tributo prejudicaria os jogadores, pois o imposto seria considerado no cálculo da oferta, diminuindo o seu valor.

Pela proposta, no fundo, os jogadores subsidiariam o futebol brasileiro, garantindo que sua permanência no Brasil servisse para deleite de quem assistisse às suas exibições. Caberia perguntar se o professor Flavio de Campos aceitaria uma barreira à sua saída do país. Apoiaria uma regra que dificultasse a oferta de trabalho de uma grande universidade estrangeira, que lhe assegurasse uma remuneração superior e acesso a condições melhores para realização de pesquisas e para a publicação de seus textos? Duvido.

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